Hoje eu encontrei Um velho retrato seu Por onde andarão os olhos Que uns dias foram meus A rua sem você Vazia é quase nada Escura suja e triste Recordação maltratada Bêbado, rouco e louco Eu danço entre os carros Na marginal congestionada Grito blasfemo Paixão e ódio Mágoa despeito Uma mulher não vale nada E os dias pa**am sedentos Nessa imensa mesa de bar Copos vazios Que brindam saúde A quem não me quer mais Não me quer mais "Toma um fósforo Acende teu cigarro! O beijo, amigo, É a véspera do escarro A mão que te af*ga É a mesma que te apedreja Se alguém causa ainda pena a tua chaga Apedreja essa mão vil que te af*ga, Escarra na boca que te beija!" Versos Íntimos Augusto dos Anjos (1884/1914) Sent by Carlos André Branco