O termômetro registrou, a enfermeira confirmou, a minha morte aparente, a minha sorte, minha camisa rasgada no peito, escorrendo óleo diesel. O relógio alarmou, a TV anunciou, a minha morte, preta e branca, a sua sorte, e o seu durex já não cola, já não basta o tapa-olho, eu tenho mais um por entre as pernas cabeludas, olhos e antenas sobresalentes. O meu pulso não pulsou, o aparelho aceitou, a minha morte aparente, a sua sorte, minha garganta sem voz. acordo semi-lúcido, entre a morte e a morte, relembrando onde perdi a minha língua atrevida pelas mortes, pelas vidas, pelas avenidas, pelas Ave Marias cantadas em coro no meu violão. Pelas ruas sem chão! Meu corpo tem dois mil e tantos cavalos calados...