[Reflect] Esta noite adormeci com as costas na areia E caído neste sonho fui mendigo que cambaleia Sem meias e descalço, não preciso do conforto Quero sentir a areia fria nesta noite de Outono Cada pa**o fica marcado num destino adormecido E lavado num mar de lava, o vencedor fica vencido Coberto pela sombra sei que a lua hoje não brilha Não há reflexo no mar, só areia na sapatilha Hoje pa**eio sozinho, oiço temas do pa**ado Saio de casa a meio da noite para ir a nenhum lado Vagabundo em cada verso, vejo a luz por entre os dedos Barcos partem para longe, mas deixam ficar os medos E o medo de falhar é tanto que tentar já não me tenta O coração vai congelando enquanto a idade aumenta Água toca-me na perna, estou quase a despertar E sinto-me tão quente no meio do frio familiar [Refrão] Vejo noites e marés Frio é fogo que me aquece Tenho água pelos pés Sinto a dor que não me esquece Vejo noites e marés Frio é fogo que me aquece Tenho água pelos pés Sinto a dor que não me esquece [Reflect] Puxado pelo sonho, volto a cair no mesmo embalo Quanto mais ando menos sinto e oiço pouco do que falo Os lábios já não mexem, mas os gritos continuam Caminho para longe, mas estas vozes não atenuam Sinto que alguém me segue sem pisar onde eu piso Vejo estrelas apagarem-se na sombra de um sorriso A maré colhe a esperança ou o que restava dela E a força foi raptada, levada num barco à vela Enterro o pé no meio da espuma, cinzenta a esta hora E cada concha é um aplauso na saudade que chora Tenho sede e tenho sal, preciso de água e tenho tanta Sou um castelo na areia onde não cresce uma planta Ao olhar para trás, vi que a areia estava lisa Senti um arrepio num frio que paralisa Percebi que não andei, acordei onde ficara E de costas na areia, tinha areia na cara [Refrão] Vejo noites e marés Frio é fogo que me aquece Tenho água pelos pés Sinto a dor que não me esquece Vejo noites e marés Frio é fogo que me aquece Tenho água pelos pés Sinto a dor que não me esquece