O Champagne, a Torre Eiffel, um “hit-chiclete” que tocava nas FM's brasileiras no início dos anos 2000, os gols do Zidane na controversa final da Copa do Mundo de 1998 e, porque não... O rap Embora as informações sejam esca**as, não são raras as vezes que alguns brazucas buscam informações sobre rap francês seja por curiosidade ou até mesmo para ter um contato com a linguagem, e, quase sempre as informações levam ao álbum “L'École du micro d'argent” (“Escola do mic prateado”) do grupo IAM. Além de ser o melhor álbum de Rap já lançado na França, a influência do Wu-Tang Clan na elaboração do álbum e até a participação de membros do lendário grupo nova-iorquino tornam a experiência de ouvir este clássico e exótico álbum, um pouco mais aceitável Para falar sobre o “L'École du micro d'argent” é preciso entender alguns aspectos sobre a França e sobre o grupo IAM, um dos grupos mais conceituados da Europa. A França é um país com uma enorme diversidade cultural, com uma população repleta de imigrantes e descendentes árabes, tunisianos, argelinos, marroquinos, senegaleses, camaroneses, etc. Essa agradável diversificação acaba por moldar a cultura do país. Muitos desses imigrantes desfavorecidos foram sutilmente amontoados nos “banlieues” (distritos populacionais localizados nos subúrbios das grandes cidades). Neste cenário nascia o grupo IAM em 1989, na época, formado por Akhenaton, Shurik'N, DJ Kheops, Imothep, Kephren e Freeman. (Freeman deixou o grupo tempos depois) O IAM já era um grupo de destaque na cena francesa, o grupo já havia lançado dois álbuns: “...de La Planète Mars” de 1991 e o bem recebido “Ombre est Lumière” de 1993. Mas a grande consolidação do IAM como um dos maiores grupos de rap da Europa foi em 1997, quando arremessaram a pedrada “L'École du micro d'argent” (16 faixas) o terceiro álbum do grupo. Um disco urbano, sublime. Com uma temática áspera, agressiva que aborda temas como desigualdades sociais, realidade das ruas, a vida nos distritos “banlieues,” racismo, xenofobia, prostituição, auto afirmação e até uma sutil dose de descompromisso. Tudo isso sobre uma excelente produção instrumental inspirada no “bate cabeça” que lembra muito Wu-Tang Clan, Gang Star, Masta Ace, Lord Finesse. Há quem diga que o próprio RZA deu uns “pitacos” no processo criativo do álbum durante as sessões de gravação em NY (o álbum foi em parte, gravado em Nova York) Destacando as melhores, a faixa de introdução “L'École du micro d'argent” uma canção obscura, uma auto afirmação do grupo, que exemplifica o que está por vir: “La bataille a debute.” A música “Nés Sous La Méme Étoile” (“Nascidos sob a mesma estrela”) é uma reflexão, um hino acerca do preconceito e da desigualdade social. “La Saga” conta com a participação de membros do lendário grupo nova-iorquino Wu-Tang Clan, a faixa serve para evidenciar o grande respeito adquirido pelo IAM junto à cena internacional. O envolvimento de um jovem negro crescendo nos “banlieues” com o crime é versado na faixa “Petit Frère” (“pequeno irmão”) (vale a pena conferir o vídeo clipe) esta clássica canção tem colagens de “C.R.E.A.M.” do Wu-Tang Clan e é considerada uma das melhores do grupo. Em “Elle Donne Son Corps Avant son Nom” (“Ela dá seu corpo antes do seu nome”) Akhenaton e Shurik'N versam uma crônica sobre um rolê pelas zonas de prostituição nas noites de Marselha. “L'Empire Du Côté Obscur” (“Império do Lado Negro”) transporta o ouvinte para o universo da saga Star Wars. Os caras samplearam até a emblemática respiração do personagem Darth Vader. Há de se destacar também a canção “L'enfer” (“Inferno”) que conta com uma inspirada participação do já falecido rapper parisiense East. Por último, literalmente, encerra o álbum a incrível música “Demain C'est Loin” (“O amanhã ainda é longe”) a maior criação do grupo, que contém cerca de oito minutos de reflexões sobre ambição, realidade das ruas, violência, crime e desigualdade “L'École du micro d'argent” inspirou gerações, inspirou outros artistas franceses e evidenciou o grupo IAM como um dos maiores representantes do Hip-Hop europeu. O álbum é sem dúvidas um dos principais, na verdade, o principal trabalho do rap francês até então NOTA: