[Estrofe 1: M.A.X] Quando o sol se põe ela é que brilha nessas ruas Nessas aventuras que só terminam lá pra as duas Depois de horas de narcisismo em frente ao espelho Lá vai ela, aquele semáforo sempre no sinal vermelho Apetrechada das unhas dos pés até o cabelo O corpo é um pecado e os homens todos querem cometê-lo E pelo cheiro forte, a saia curta e o decote Cai a chuva de holofotes e não há uma shuga que suporte E à primeira esquina, basta uma buzina Pra ela tar num drive a negociar o preço da menina E como um TPC, os jobs fortes faz em casa Ou faz entrega ao domicílio logo após uma chamada E há quem pague o dobro tipo a miúda cobra multa A quem quiser entrar sem capacete nessa obra pública Achas que ela é estúpida, pergunta o que ela lucra Numa noite e olha que as notas não são de moeda única [Coro 2X: M.A.X e Ace Nells] Ela conhece bem os traços dessa vida Mas ela não escolheu, ela foi escolhida E hoje ela vagueia sozinha e perdida Nessa longa estrada nesse beco sem saída [Estrofe 2: M.A.X] Dona dela mesma, órfã desde a adolescência Nada sabe sobre o pai, mas isso também não lhe interessa E da mãe não só puxou a bela face Herdou-lhe a profissão, a clientela e responsabilidades Três irmãos menores pra aturar e sustentar Foi-se a filha inocente e ficou uma madrasta no lugar E com metade da cidade, já teve intimidades Mas amigas só duas: a Heroína e a Cannabis Nunca fica lúcida pra não perder a lucidez Não se arrepende, mas também não se orgulha do que fez Sermões e lições de moral ali não colam Queres ensinar o quê à pessoa que mais odeia escola Nessa carreira de nada serve ter um bom diploma Bastam pernas bem-dispostas como as da Lurdes Mutola Pa**ado triste, futuro já não existe Só o presente importa quando nunca se teve um natal feliz