Sou a criança que chorou logo ao nascer O velho homem que morreu sem perceber Eu sou o pó que se levanta de manhã e à noite, se foi Sou a vontade incontrolável de chorar A liberdade indesejável de errar Eu sou um pouco menos do que eu quero E muito mais do que não Sou o desejo incorrigível de sorrir A busca tão indiscutível por sentir Um incompleto irresponsável Pronto pra te dizer sim Um hábito inútil, sem sentido, um vapor Um indiscreto transitório, um louco sem pudor Mas a vida ainda vale a pena A vida ainda vale a pena Eu sou o livro cuja capa não se pode ler A dor e toda graça do que é viver Eu sou o que sobrou de uma lembrança A arrogância de ser Sou egoísta e tento te dizer que não O meu cinismo só revela a omissão De quem a**iste a um desfile triste Um clichê em vão A vaidade das vaidades, um vazio sem fim A busca da realidade é o que me trouxe aqui