Numa clara manhã reluz as asas de um anjo, Planando sob o céu azul, emitem bons fluidos. Mas pode ser as asas de um corvo, Me dando insônia, mal estar e azar em tudo. Quem sabe se amanhã serei uma bailarina, Dançando nas pontas dos pés o Canto do Cisne. Posso também ser um troglodita E com um punhal rasgar a carne do meu próprio filho. Seus lábios cor de açaí, neles se misturam Bardoux, Deneuve, Adjani, num vermelho puro. Mas pode ser sangue de escorbuto Que vai saindo gota a gota do seu corpo imundo. Dizer depois me desdizer numa luta infinda. Os médicos diagnosticam: esquizofrenia. Mas para mim, acho que é alegria. Voar, voar, voar em todos os sentidos.