Minha vida é uma estrada Que desemboca no nada, Ela me beija a boca Quando como cebola. Vim com vasco da gava, Com pero vaz de caminha, E quando penso em lisboa minha voz vai se acabando. Ai, o coração da gente Treme como se treme Um bêbado com fome. Ai, é uma saudade cheia Que endoidece a proa E entristece os peixes. Mas quando chego em casa, Cansado e sem graça, Debaixo da chuva, Coberto de pulgas e com mau-olhado, Que coisa danada, Ser carta marcada na mesa de exu. Jesus cristo chorando, Urubu vem chegando E um vento ecoa na noite, uhhhhh A patroa me abraça e me chama de otário. Minha vida é uma estrada... Ai, num lar mal a**ombrado, Com 22 mil escravos E uma negrinha levada. Ai, o canto das sereias Seduz os marinheiros E deixa uma tristeza. Mas quando pego um cavalo E ponho uma espada El cid me abraça E diz como uma garra de quem sofreu: O pa**ado não não pa**a, Ele fica parado pra gente se ver. Quando fico sozinho Bebido num vinho E vejo um navio sumindo, ah... Para além do horizonte E eu nem sei o seu nome. Minha vida é uma estrada...