Um baque seco. A porta se fechou Seus olhos se abrem. Você voltou O ar denso e quente, o cheiro de queimado A dor de respirar, a mente atordoada Você acorda ofegante, esfrega o rosto em vão Permanece o pesadelo - que não acaba mais No seu olhar, o desejo de não ver A cena degradante que envolve o seu ser Você percebe que não poderá escapar O duro preço da coerência Um jogo sádico. Um ritual cruel O esforço de resistir. Recusar a se entregar A grandeza e a miséria da condição humana Chutes e socos, choques constantes Seu sangue escorre, a força se esvai Amarrado e nú você aguarda O fim do sofrimento Mas o veredicto já foi dado Mais um cadáver não enterrado Agora já não importa mais Lutar ou se render Fruto amargo da repressão Arrancaram o seu espírito Te tornaram um corpo vazio Uma herança de constante horror O vicio do medo adquirido Homem... meio-homem... não-homem