[Verso 1] Seis da tarde, ir pra casa não vai rolar Eu to no centro, aquela mina para pegar Eu vou ligar, alô, o pretinha como cê ta? To de bobeira, então, demoro a gente colar As sete horas maleta eu te encontro Na augusto de lima com espirito santo Nos dois naquele ponto, ideia vai, ideia vem Que tal nos dois no mesmo canto e mais ninguém? bang, bang! Sessenta conto duas horas é o bastante Depois eu pego o meu busão e sigo adiante Do centro para borda, onde a cidade dorme tarde e cedo acorda Cotidiano periférico é foda Caralho, o que que tá se havendo Os bares tão fechando, as pessoas tão correndo Meu vizinho caído no chão sangrando E outro menor da idade dele atirando [Refrão] Que chore a mãe dele primeiro, foi por respeito e não dinheiro Mexeu com a minha mina eu larguei dois, sai ligeiro Filho da puta, talarico, ta achando o que? Que só por que era da boca podia fazer? [Verso 2] O que quisesse, mediu minha febre, e se fudeu Entrou no meu caminho teve o que mereceu Irmão a gente cresceu junto Jogamos bola ali no flameguinho quando eu morava nos conjunto Habitacional da leste Dizem que não tem ninguém que tenha vindo daquele lugar que preste Preconceito, minha família mora toda lá E agora, que que meus coroa vão pensar O filho deles nunca foi bandido não Só que mano a questão era manter minha honra Agora é treva e sombra, por que hoje eu Entendi que só mata quem já morreu [Refrão] [Verso 3] Filho de mãe solteira fadado a vender bagulho Sempre o mais feio da festa nenhum motivo de orgulho Carregando na alma toneladas de entulho Com menos de dez anos eu vi cabeças no embrulho Tudo ao meu redor era esgoto a céu aberto Droga, miséria, arma e o futuro incerto Desse lado de cá tudo é cômico Os moleques se apaixonam pelos caixas eletrônicos Na frente da tela os olhos brilham são vidas Para dar rolê no morro com novo tênis adidas Só conheci o ódio irmão, pai, nem mãe, nem vô Só tive vó, que o tempo já levou A escolas me entupiram com imagens de rancor Disse para eu não ter orgulho de quem tem minha cor Venha me salvar destruindo essa maldade Quero beijar em bocas que gritem liberdade