A coisa a**im não dá - disse-me um dia o meu pai - Tu vives em sociedade e tens que perceber Que as regras são para se cumprir... não sei se tu estás a ver, pá... Ah, ah! - disse eu - estou a ver muito bem... Mas já agora diz lá que culpa tenho eu Que no teu jogo existam cartas que não fazem sentido no meu... Podem falar, podem falar, Que o meu lugar é andar e o meu pa**o é correr De vez enquando a cantar de vez enquando a sofrer. Podem falar, podem falar, Mas estão a perder tempo se pensam que um dia me hão-de amarrar. As principais capitais aprendi eu no liceu, Vi retratos de reis em tronos de ouro e marfim, Mas ninguém me ensinou a nadar no rio que nasce dentro de mim. Um dia pus-me a lutar, com as minhas contradições Estive quase a morrer, mas acabei por escapar. Para quem ama a liberdade o importante é nunca parar Podem falar, podem falar, Que o meu lugar é andar e o meu pa**o é correr De vez enquando a cantar de vez enquando a sofrer. Podem falar, podem falar, Mas estão a perder tempo se pensam que um dia me hão-de amarrar. Já vi muita gente a tentar agradar A todo o gajo que pensa que nasceu para mandar, Mas tenho visto muita gente que está só, a morrer devagar, E a distancia que existe entre o não-ser e o ser É uma questão de não se ter medo de ir longe demais. O que ainda não tem preço é sempre o que vale mais. Podem falar, podem falar, Que o meu lugar é andar e o meu pa**o é correr De vez enquando a cantar de vez enquando a sofrer. Podem falar, podem falar, Mas estão a perder tempo se pensam que um dia me hão-de amarrar.