Olhos pregados aos vidros da janela Reflexo triste no rosto à luz da vela Tarda-se a luz no bairro escurecido Se me deres um sinal Vou soltar o sentido E p'lo bem ou p'lo mal Estou pronto a ser ouvido Todo o amor que substima o próprio ser É como d'olhos abertos nada ver Dividir o indivisível Somar o nada e nada ter Olhos pregados aos vidros da janela Reflexo triste no rosto à luz da vela Tarda-se a luz no bairro escurecido Talvez por ser mais velho Mais amadurecido Atrevo-me um conselho Estou pronto a ser ouvido A tristeza é a tua alma a redimir-se Anular-se por amor, é um erro, diz-se Ninguém ama a sua sombra Que é o corpo a reduzir-se Sei que é fácil estar por fora Estar por dentro mata a lucidez Se ao amar, o amor se chora Parte p'ra outra sem demora Arrisa o fim, mas fim de vez Olhos pregados aos vidros da janela Reflexo triste no rosto à luz da vela Tarda-se a luz no bairro escurecido Já me deste um sinal Já soltei o sentido E p'lo bem ou p'lo mal Foi bom ter sido ouvido