Ela estava destinada a nascer... Universo encarrega-se há sempre uma com maior cintilar O vento afasta as nuvens para o sol espreitar Primavera entrega a luz para a flor acordar Cresceu, rodeada de irmãos, família grande Era ovelha negra tinha um coração tão gigante Coração tão pesado, coração tão brilhante Criança com a verdade na boca vivia ofegante Desde os 8 anos percebeu que estava sozinha Ninguém a levava a sério, ninguém a compreendia Ela só queria ser menina bonita mas não tinha quem a ouvisse Quem lhe ensina**e o ABC da vida A revolta vem com lágrimas mas não desanima A realidade foi-lhe entregue numa caixa vazia A mãe vivia num mundo de obsessão e vigia Saber por onde o pai andava, com quem ele se metia Ela estava destinada a sofrer Tinha bravura na essência sacrifício é dom de sobreviver Perfeição na imperfeição, tratada como um monstro na escola Aprendeu a defender-se com as mãos Ela foi quase forçada a crescer na crueldade Retoques de coragem maquilhagem pra se esconder Um malmequer forte, mas não se rega sozinho No fundo era uma flor que ainda não tinha florido Na flor da idade o céu era cinzento Ela partiu para longe tão cedo, correu contra o vento Mas foi a tempo, com a ajuda de um anjo que lhe deu a mão Conforto, comida, auto estima e educação Há sempre um anjo na família com bom coração Provavelmente alma que salva para ter salvação Ainda nem tinha ambição, saboreou a paixão Mais uma mãe solteira tão jovem, nova lição Ela não hesitou, trabalhou enquanto estudou Enquanto aguentou mais um homem que a marcou É o universo a trabalhar, a vida não a intimida Da faculdade ao trabalho pontapés na barriga Licenciada, mas os sonhos ficam para uma outra vez Tantas urgências carimbadas no boletim de gravidez Será o destino a brincar e o universo também Bebé puxada a ferros tal e qual como a mãe Infelicidade é doença invisível e ela sofre Não se deita fora a chave, não tem fechadura ou cofre Habituada a ser forte, tem o dom de ajudar Nunca foi recompensada por de todos cuidar Mas ela é grande, a vida insiste e deixa-a de rastos A vida rasga-lhe os sonhos, ela costura os trapos Ninguém derruba um ser humano que nasceu lutador Ninguém disse que o sacrifício não é feito de amor Por mais que a vida insista, que devemos desistir Eu luto ainda mais Por mais que o cansaço, nos roube a visão Eu peço por mais sinais E quando resta só um fio de luz em mim Eu não apago, eu brilho ainda mais Grandiosidade nasce, uns veem outros não Esse brilho que nos torna fenomenais