Ei, voltar lá, acho que não sei Não sei se foi verdade ou se sonhei Sei que foi lindo ver crianças se divertindo Pessoas se cumprimentando sorrindo Elas nunca partiam, se ausentavam Pa**ava o tempo, mais experiente voltavam O anjo da vida havia vencido o vilão Todos sabiam, a Bíblia tinha razão Os rios cristalinos, espetáculo visual, divino! Flores, figos nas margens colhidos Nas avenidas todos os sinais fechavam Os vidros se abriam todos se congratulavam Idosos em casa, crianças na escola O salário do trabalho não era esmola Cada pessoa, todo ser valorizado, intrigas deixadas de lado Sucos de cajá, umbu e graviola, faliu a poderosa Coca Cola E o que é melhor, sem causar desemprego Agricultura, pecuária não eram segredos Geladeiras cheias, abarrotadas Difícil era manter as portas fechadas Engraçado, não vi chaves nem cadeados Bancos, senadores, presidentes, deputados Uma única lei, termina a sua, começa a minha vez Diversão para todos sem distinto Altos parques, altos bares, altas boates O que é aquilo? As pessoas raramente mandavam cartas Matavam a saudade indo a pessoa amada Eu conto essa história as pessoas acham o cúmulo Rua sem nome, barraco sem número [Refrão] 2X Um bom lugar, lugar, lugar, lugar, lugar Um bom lugar, lugar, lugar, lugar, lugar Um bom lugar, lugar, lugar, lugar, lugar Há há há há há há Bibliotecas abertas emergências fechadas Mensagens de paz escritas nas fachadas Muitos leitores, nenhum paciente Letras, só as produtivas conscientes Fumo, só o de corda vindo da fazenda E mesmo esse não era fonte de renda As pessoas encaravam os problemas de frente Dominavam a força interior existente Também não vi armas brancas nem de fogo Pistolas d¿água encharcavam todos após o jogo Sem perdedores, sem vencedores A água da pistola, o arco íris, lindas cores Cientistas trabalhavam com tranqüilidade Invenções não eram usadas contra a humanidade Favelas, cortiços, saneados e urbanizados Cada qual com o seu; nenhum era alugado Morar lá ou em outro lugar sem diferença Fartura entrava sem pedir licença Todos eram cidadãos, nenhum an*lfabeto Sem divisão, sem fronteiras um só dialeto Confesso não vi choro nem sofrimento Vi respeito pelo condutor do jumento Nos olhos do abridor de fossa vi esperança Em cada plantador da roça uma criança Estou sonhando? Pensava me acordem Quero contar ao meu mundo essa nova ordem Onde não se compram endereços se conquista o lar Sonhando descobri onde podemos chegar Acordei e não consigo mais me conformar Onde estamos não podemos ficar Conto essa história às pessoas acham o cúmulo Rua sem nome, barraco sem número [REFRÃO] Me sinto na obrigação de ir além Por que as pessoas insistem Em dizer que o mal está vencendo o bem? Não se lembra de quem nada tem Veja até onde chegou o pensamento do moleque Dizer que se acabar os problemas acaba o rap Dizer que o nosso estilo é só favela Que só a burguesia pode ter vida bela É, esse sonho me ajudou, contribuiu Pra que eu lute não por mim, pelo Brasil Ou melhor, não por mim, pela humanidade Paz total, integral, não um terço da metade Já fui covarde sim, pensei primeiro em mim Descobri isso sozinho, porque tipo a**im Os meus erros eram normais, numa sociedade Onde as mentiras se transformam em verdades Onde poucos vivem de barriga cheia Outros morrem de fome ou mofam na cadeia Idéia de rocha, de responsa séria Chega de comercializar a miséria! A teia é injeção na veia, te envolve Te pega a felicidade e não devolve Promete mil e umas utilidades, nada resolve E o precioso se dissolve, ela acaba te expondo ao ridículo Carimbando na capa do seu currículo Imundo, e digno de dó só, escolha um final melhor As pessoas com as quais converso Quando ouvem minhas rimas os meus versos Se achando normais, consideram o cúmulo E jogam flores em seus túmulos [REFRÃO]