[Verso 1: Douglas] O rap treme o chão e levanta a poeira do asfalto Se pá acelera o coração até do mano mais calmo Playboy paga um pau, ladrão se identifica Pra mim, é natural, batida que aterroriza Escuto a cacetada no volume máximo O som 2000 do pobre operário Trilha sonora predileta do criminoso Que o cotidiano cruel transformou em monstro O sequestro, o resgate da mente Bem diferente, sem bala no pente De gente da gente, de pobre pra pobre Do leste a oeste, do sul ao norte Posso comparar com um furacão Um terremoto ou vulcão em erupção O estilo que nunca esquece das palavras da Bíblia Ó, meu Senhor, abençoe a periferia O pecador aqui também tem alma Eu sou a cicatriz do corte sem trauma O maníaco do parque, o louco do cinema O cachimbo de crack ou o isqueiro do sistema Não causa espanto pra nós, sangue bom Aqui é a pura informação em forma de som Novela é novela, favela é favela Aqui ninguém se ilude, aqui ninguém se entrega Aqui ninguém requebra ou rebola na garrafa Muito menos acredita em contos de fada Entre a cruz e a espada no fio da navalha Aí, ladrão, sente a batida, explodindo a caixa [Refrão x2] O rap treme o chão, se é som de ladrão Aí, ladrão, o rap treme o chão [Verso 2: Keno] Como uma bomba-relógio, tique e taque O rap é como a bola de boliche fazendo o strike Acelerado pra lá de 300 por hora Som que apavora, comunidade pobre adora É som de preto, há, há, sem preconceito É som de branco de atitude e de respeito Impõe silêncio ou provoca euforia Tipo uma final no Morumbi de São Paulo-Corinthians A sirene de resgate do bombeiro O hino nacional do povo brasileiro A expressão realista que abala O maquiavélico cronista da favela que nunca se cala O diagnóstico, se pá, o raio-x Que faz a CPI ou então a bomba pra explodir Eu comparo tipo a**im e faço a rima Dedo amarelo no cachimbo uma cara de cinza No itinerário, a mente do usuário Ou do traficante a**a**ino com o tambor lotado Vou mais além, eu vou muito mais Canto o rap violento na intenção de te pa**ar a paz A minha voz de novo em ação Talvez minha missão vai além da interpretação O vento aqui se transforma em furacão Sangue bom, então, o rap treme o chão [Refrão x2] O rap treme o chão, se é som de ladrão Aí, ladrão, o rap treme o chão [Verso 3: Renan Inquérito e ?] Treme o chão e quem tiver na escuta Tem o poder de fogo de uma bazuca É tipo uma dum-dum que invade o seu corpo Arregaço sonoro que levanta até morto Penetra na mente, afeta os sentidos Entra nos ouvidos, estoura os tímpanos Perde na veia, há, faz a cabeça A sinfonia que invade a cadeia A vida é loka, como uma rebelião Arrasta a multidão pra dentro do salão Consciente acima de tudo, é lógico Arrasador, como um meteoro Põe o sistema na mira e o povo engatilhando Não vai dar pra correr, chegou o pânico Na febre, fervendo, pegando fogo Pra lá de mil graus ainda é pouco O estopim aceso, dinamite explosiva O som que contamina, aí não tem vacina, não Um, dois pra firmar, sangue bom É ou não é, o rap treme o chão [Refrão x2] O rap treme o chão, se é som de ladrão Aí, ladrão, o rap treme o chão [Verso 4: ? e GOG] Se o rap treme o chão, eu também tô envolvido Me expressando com fúria no raciocínio Sou pelo rap, sou pelo moleque O ministério da favela adverte Que o estudo é tudo, farinha não é nada O crack é o câncer, a desgraça que te mata Escuto um tiro, pressinto mais um morto Drogas, mais um saldo negativo pro meu povo É o terror, eu tô de novo em ação Aí, ladrão, o rap treme o chão Barraco, madeira, resistência, trincheira, carrasco da burguesia Vai aí, fala aí, minha anistia (é GOG pra vida) Memória, resistência, calabouço Prato vazio e já é hora do almoço Gira, gira, gira, gira, gira mundo Quinhentos anos não são alguns segundos Indigne-se, previna-se, vacine-se Mário Alves, Manoel Fiel Filho, José Ponfilho Lamarca, Olrando Costa, Marighella Torturados, executados nos porões das celas A dor das vítimas e das sequelas Mas, aí, o amor vencerá a guerra O bem predominará na Terra Num abalo que nunca se encerra Tremor, do amor, o rap faz crateras Mudando o ar na atmosfera, abracadabra Cada palavra expressada é sagrada Ou então quem lutou, morreu, não morreu por nada Vem, vem o que era um sonho foi bem além Mais que um belo livro, uma lição Mais que lápis, caneta, libertação, a voz da favela Se farta-se de cada refrão E sem fraudes, sem horário na televisão Elegeu poeta GOG e Jorge Aragão [Refrão x4] O rap treme o chão, se é som de ladrão Aí, ladrão, o rap treme o chão