Farto do diz que disse Diz que viu Diz que aconteceu Diz que estava lá um amigo de um amigo Que é amigo teu Farto de ouvir O mais bonito O mais astuto O mais sensível Mas o incrível é que ao espelho eu só vejo o mais bruto Farto das mesmas queixas no mesmo caderno Farto da caneta que me leva ao inferno Farto de mim de ti de nós contra o resto do mundo A selecção deles é mais forte Ficaremos sempre em segundo Ninguém te disse Ninguém te contou Ninguém te falou Não dá para ganhar Eles dizem foge foge Mas eu fico Foge foge E eu fico Cada vez mais bandido Não sou luz da serra Nem sombra nem luz Nem sombra da noite No alvor da madrugada Não sou coisa nem nada Talvez louco O louco não tem número O limite da soma é o vazio Não sou murmúrio de rio Nem cigarro viciado Nem ponta de cio Nem lua patética Crescendo e fugindo do tempo que pa**a Não sou quebra-luz Nem gavinha entrelaçada num abraço de frio Sete raios de sol queimaram o sonho Sete chuvas de es**ma o fecundaram Já não sou resina Nem merda nem mijo Nem sangue nem seiva Morreram afrodites e leões de pêlo fulvo Quando se inventou a alma E eu não sou mais do que rescaldo Já não sou poeta nem nada