E todo o mar se cobriu de infinitas riquezas De anil e sedas e jóias e de odoríferas drogas De si deitava nas praias moscatéis e licores Adoçando de sua bravura O mar Nas margens adamascadas andam náufragos dispersos Mariscando lagostas ostras choupas taínhas E bebem vinhos distintos de singulares aromas Se anda ao longo da costa em ofertas O mar E entregou Leonor Seus cabelos aos ventos Na quietude tão só Tão ausente de tudo E mais quieta era a luz No sossego das águas E uma música escorre dos céus Devagar E fazem tendas de aduelas de alcatifas majestosas De outras peças de ouro e prata de cambraias e cetins Cobertas de colchas vermelhas de rosários de cristal Mas mais garrido do que toda aquela praia O mar E fazem velas das camisas e outras de damasco verde As amarras de outros panos de veludo carmesim De um remo fizeram o mastro E a enxárcia de uma linha E tão docemente embala este batel O mar Se todo o mar se cobriu de infinitas riquezas