Facção Central - O Circo Chegou lyrics

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Facção Central - O Circo Chegou lyrics

"Respeitável público! Senhoras e senhores, meninos e meninas Sejam bem-vindos ao nosso circo! No picadeiro teremos palhaços Acrobatas, pernas de pau, trapezistas, malabaristas, equilibristas Números de ilusionismo, truques de mágica e domadores Ria quem puder, seja feliz quem for capaz, hahahaha..." Nas jaulas não temos tigres nem leões Temos seres humanos confinados em cubículos Super lotados, sonhando com a agilização do seu processo Com advogado competente, com alvará de soltura Pras crianças, não temos hot-dog, amendoim, paçoca Salgadinho, aliás, as crianças aqui morrem de inanição Sem leite, feijão, carne, com desnutrição extrema Aqui o tiro não é na lata e o vencedor ganha um ursinho O tiro é de URU, SIG Sauer, AR-15, FAMAS, no agente penitenciário Na tentativa da quadrilha em resgatar seus comparsas É de Ciclope, Carabina, na cara do gambé da Civil na fuga do Itaú De Golf com a lataria furada na bala igual um queijo suíço O tiro é de 762 do rato cinza filho da puta! No menino negro Desarmado, que pela cor foi considerado bandido Levam ele pro PS na viatura, simulando ajuda humanitária Ajuda humanitária o caralho, cuzão! Eu sei qual é que é Eu conheço sua cartilha, eu sei como você ganha suas medalhas De honra ao mérito, porco imundo. Você tira o corpo do local do crime Planta provas contra a vítima e é impossível fazer a perícia Não é o homem-bala no canhão não, é a criança de 13 anos de Ruger Defendendo a boca que ela vende droga pra quadrilha rival não invadir De manhã vai ser mais um defunto, sem comoção do apresentador de TV Sem um minuto de silêncio no estádio. Vai ser mais uma estatística em Algum seminário, fórum, debate, mas nenhum artista, nenhuma instituição governamental, vai soltar uma pomba branca em seu nome na frente do MASP A perna-de-pau aqui serve pra andar na enchente P'ra não pegar leptospirose, só não serve em caso de Soterramento. Em caso de soterramento, você tem Que ligar no celular do político na ópera em Milão O monociclo é substituído pela Strada, pela Twister, pela 900 Que para do lado do utilitário Touareg, e vara a blindagem Nível 3 Inbra do empreiteiro com uma ponto 50 Esse cheiro de churrasco é de carne humana, é o pilantra que Sumiu com parte da c**a, é o nóia que não pagou a pedra que Pegou fiado, é o estuprador, é o cagueta, o talarico, o rato de varal É algum safado, julgado, condenado e executado no tribunal da favela Que pena que nessa churrasqueira também não virem cinzas, vereadores, deputados, senadores, ministros e presidente Os palhaços aqui são o povo, que elegeu um presidente Com a campanha financiada no caixa dois, pelos bingos Fábricas de armas, cervejarias, indústrias de cigarros, empreiteiras Empresas que sempre tem o retorno do seu investimento No mandato do seu boneco, seu fantoche, seu robô eleito O ilusionismo fica por conta das CPIs, que tiram pizzas da cartola O resultado delas, é a parte humorística da nossa apresentação No malabarismo temos crianças com seus malabaris Tentando ganhar dez centavos no vidro do carro no farol O acrobata aqui se acotovela numa fila quilométrica de 385.000 mil Pessoas tentando uma vaga em 1.200 disponíveis pra gari Temos um "casting" vasto de números de mágica: Sobreviver Com um salário mínimo, não traficar pa**ando fome, mesmo Com um pagamento de 500 por semana, não a**altar Desempregado com os filhos sonhando com brinquedos Roupas, Danone, bolacha recheada, chocolate Café da manhã, almoço e janta Também contamos com truques com maior grau de dificuldade Truques pra deixar o matemático Oswald de Souza catatônico Atenção expectadores! Porque esses poucos conseguem: Fazer sumir os milhões do cofre da empresa de valores Se transformar de menino pobre, que teoricamente Morreria de fome, em dono do Brasil, em rei na hierarquia Do crime, com um trono num castelo de c**aína Espero que a platéia goste do circo que mata 100 pessoas Todo dia com arma de fogo, que é o 63º em desenvolvimento humano Que é o 6º mais desigual do mundo. Que tem a polícia que mata 3 Mil pessoas por ano, que segundo a Unicef, tem 6 milhões de crianças Vivendo em severa degradação das condições humanas Que vende pro exterior propaganda falsa do país do carnaval Do futebol, vende seu ar afrodisíaco, suas belezas naturais Pra que o turista venha fazer s**o com as crianças Que se prostituem à luz do dia em cada esquina brasileira Aí, playboy! Constrói seu banker, com vidro blindado Porta de aço balístico, com fechadura de nove dentes Põem no seu jardim sensores de movimento, câmeras Cão de guarda e um vigia na guarita que o show já começou Expectadores coloquem as balas no pente da Glock Na fita da metralhadora, no tambor do 38, deixem sair todo ódio Contido no coração. Decapitação, eletrocussão, esquartejamento Degolação, carbonização, não importa de que forma você usa Seu surto psicótico, o que interessa é que todos naufraguem No dilúvio de sangue Porque só a**im se realiza... O espetáculo do circo dos horrores Alô criançada o circo chegou Em forma de Glock com silenciador Se eu não acho o cofre o papai vai sangrar A mamãe vai gritar, ouvindo plá, plá, plá! Alô criançada o circo chegou Em forma de Glock com silenciador Se eu não acho o cofre o papai vai sangrar A mamãe vai gritar, ouvindo plá, plá, plá!