[Verso 1: Eduardo] Cada resquício de osso no cemitério improvisado Tem um macabro valor didático Sem escola o aprendizado é no abrigo, no CAPS Na caixa de papelão, CDP, DP, Cohab Recortar Mini One, atrás da parede antirruído É a Fatec, Etec do mundo verídico A científica no condomínio é o corpo docente Que ensina por que cu de Malibu dá marmitex quente É melhor oferecer migalhas pro mendigo Do que ele arrancando à faca o tipo subcutâneo do filho Desculpa Louis Armstrong em te corrigir Mas não existe nenhum planeta maravilhoso aqui Cursamos a faculdade da medicina aprendida Nos orifícios dos disparos da polícia Onde a matemática não é adicionar digital no spa Quando o homicida for usar ouro pra se embelezar Onde a matemática é somar comentário de arrombado Que aprova menor no poste depois de espancado Dez na matéria não compra o discurso esbranquiçado Não jogo crise na conta do marginalizado Não é o mano de rifle oxidado o nosso cancro O problema não é quem a**alta, mas que constrói o banco Quando levantes e abolicionistas não são estudados Só sobra o ABC da Mauser pra ser decorado [Refrão: Yzalú e Eduardo (x2)] Na escola da vida o material didático Sangra embaixo do jornal com rosto o desfigurado Na escola da vida o material didático Tá na tranca da prisão e no bum no endinheirado [Verso 2: Eduardo] O moleque sem acesso a cultura básica Se torna grã mestre em "nine nine" em pasta Recebe certificado em contabilidade Pra administrar o atacado da cidade Assim nasceu a Camorra, os cartéis mexicanos A Mara Salvatrucha, sindicatos venezuelanos Aprendi que aqui democracia é carnificina Que os crimes hediondos são cometidos pela polícia Que os livros escolares são pra emburrecer E a venda de pino é a opção pra sobreviver Hoje sei que 500 mil vão pras grades Pra que não cobicem os cargos altos da sociedade Que toda cracolândia é obra governamental Entorpecido não faz mobilização social Caminhe comigo pelo jardim do extermínio Onde a árvore do saber só tem fruto proibido Onde o filho da diarista só aprende a sonhar Em ser o preso que dobra a equipe de agente pra escoltar Ou a fazer performance teatral no bingo Fingir que eu sou cliente e esvazio o caixa sorrindo No 157 ganhamos o bacharelado Pra depois no quadrilátero garantir o doutorado Aqui quem mata e não cagueta consegue o MBA Assinada pelas AR-15 pintada com tinta spray [Refrão: Yzalú e Eduardo (x2)] Na escola da vida o material didático Sangra embaixo do jornal com rosto o desfigurado Na escola da vida o material didático Tá na tranca da prisão e no bum no endinheirado [Verso 3: Eduardo] Sou inimigo público porque uso caixa e bumbo Pra afirmar que ainda vigora os anos de chumbo Por que quero num freezer como um picolé da Kibon Os que seguem a bíblia de Donadon O sangue no brochura reaproveitado Instrui que o bullying vem no Sedex televisionado A programação induz a desprezar a pele escura O deficiente, o que tem mais gordura Enquanto usamos conhecimento pra raspar numeração Negam cotas pros herdeiros da escravidão Permitimos que alvo da polícia repressiva Não exista geneticamente pra política afirmativa Quando a favela parar de ouvir sobre Armagedon O dominante pode abrir suas safras de Chandon Esse dia vai ser igual quando a CIA Silenciou negros americanos com heroína Não importa o alto calibre do nosso arsenal Só a educação gera igualdade social Só ensino erradica as leis Jim Crow do Brasil Que veda entrada em bairros pro nosso perfil Já mergulharam ácido no cianureto Pra adaptar uma câmara de gás no seu endereço A dica pra adiar sua estreia no mapa das decapitações É seguir as instruções deixadas pelos caixões [Refrão: Yzalú e Eduardo (x2)] Na escola da vida o material didático Sangra embaixo do jornal com rosto o desfigurado Na escola da vida o material didático Tá na tranca da prisão e no bum no endinheirado