Eduardo - O Locutor do Inferno - Mulheres Negras lyrics

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Eduardo - O Locutor do Inferno - Mulheres Negras lyrics

[Verso 1] Enquanto o couro do chicote cortava a carne A dor metabolizada fortificava o caráter A colônia produziu muito mais que cativos Fez heroínas que pra não gerar escravos matavam os filhos Não fomos vencidas pela anulação social Sobrevivemos à ausência na novela e no comercial O sistema pode até me transformar em empregada Mas não pode me fazer raciocinar como criada Enquanto mulheres convencionais lutam contra o machismo As negras duelam pra vencer o machismo, o preconceito e o racismo Lutam pra reverter o processo de aniquilação Que encarcera afrodescendentes em cubículos na prisão Não, não existe a Lei Maria da Penha que nos proteja Da violência de nos submeter aos cargos de limpeza De ler nos banheiros das faculdades hitleristas "Fora macacos cotistas" Pelo processo branqueador não sou a beleza padrão Mas na lei dos justos sou a personificação da determinação Navios negreiros e apelidos dados pelo escravizador Falharam na missão de me dar um complexo inferior Não sou a subalterna que o senhorio crê que construiu Meu lugar não é nos calvários do Brasil Se um dia eu tiver que me alistar no tráfico do morro É porque a Lei Áurea não pa**a de um texto morto [Verso 2] Não, não precisa se esconder segurança Sei que cê tá me seguindo, pela minha feição, a minha trança Eu sei que o seu curso de protetor de dono praia Ensinaram que as negras saem do mercado Com produtos em baixo da saia Não quero um pote de manteiga ou de xampu Quero frear o maquinário que me dá rodo e Uru Fazer o meu povo entender que é inadmissível Se contentar com as bolsas estudantis do péssimo ensino Cansei de ver a minha gente nas estatísticas Das mães solteiras, detentas e diaristas O aço das novas correntes não aprisiona minha mente Não me compra e não me faz mostrar os dentes Mulher negra não se acostume com termo depreciativo Não, não é melhor ter cabelo liso, nariz fino Nossos traços faciais são como letras de um documento Que mantém vivo o maior crime de todos os tempos Fique de pé pelos que no mar foram jogados Pelos corpos que nos pelourinhos foram descarnados Não deixem que te façam pensar que o nosso papel na pátria É atrair gringo e turista interpretando mulata Podem pagar menos pelos os mesmos serviços Atacar nossas religiões, acusar de feitiços Menosprezar a nossa contribuição para cultura brasileira Só não podem arrancar o orgulho da nossa pele negra [Refrão x2] Mulheres negras são como mantas Kevlar Preparadas pela vida para suportar O machismo, os tiros, o eurocentrismo Abalam, mas não deixam nossos neurônios cativos