Hoje canto rap com meu amigo Fred Mas sonho em ter uma banda de rock-steady Ou de funk como o James define Pra cantar com prazer sex machine Criar clássicos como Whodini "Friends" Viajo na década de 80 Isso me alimenta Mas a ditadura do mercado aprisiona Sua norma nos condiciona Assim sou conduzido Tipo um caranguejo na panela Pronto pra ser cozido Ou executado pelo estado num beco da favela Viver é arte RAP antropofágico Nos devoramos nesse mundo trágico Penso que esse é o ponto nevrálgico Contra a doença do fascismo Leio um livro e fortaleço meu sistema imunológico Otários vão dizer que minha rima tem viés ideológico Assim como todo rio flui para o mar Mano! isso é lógico Quem luta, sobrevive É tipo rap Uso caneta e aponto rimas como lápis Evoluindo através dos tempos Fazendo uma rima Mas eu sigo por que a arte liberta Rapper de fato grita e diz Uso bem o papel e caneta Agora é diferente Era de rima inteligente Chegou o hip-hop cantando a vida Obedeça a sua sede Ouça um som com conteúdo Alaranjados, robôs E bocas pedem a volta dos botas Botam o pescoço na forca! Gente que não entendeu a ideologia do gênero Conteúdo é Rap, Rap é arma Esse é o ponto! Luta lírica… É o Hip-Hip! Movimentando os quadris Disposição é mato! Eu, Luciano e Renato Desde cedo no front Sem café da manhã Três marginais! Magos de pele escura Misturando poesia e tambor Baw waw waw yippy yow yippy yay Caninos afiados, salivando Correntezas do Nilo Literatura e rituais libertários Nos libertaram dos troncos Demolimos cicloramas Incendiamos cortinas E nossa energia acendeu luzes Saímos dos bastidores Reocupamos os palcos Batam palmas Roubamos a cena! As armas que eu uso É microfone, caneta e papel Ataque lírico, psíquico A rima é nossa Chega mais, vamos lá Sempre inspirado pela rua Enquanto o disco toca Não precisei ter currículo de ladrão Levando meu rap a todo lugar Onde o povo estiver Vários manos Com o break e graffiti chegamos A milianos Hip-hop hip hurray