Cidade sem mar Mas com montanhas de neve de isopor Despedaçado sobre o néon amanhecido Ruído de motor A palavra amor no outdoor Escrita em vermelho Dinheiro molhado de suor No bolso esquerdo Trabalho, carne de baralho Fonte do desejo alheio Não freia, na rua pa**eia E esse cão de guarda Que não pára de latir a noite inteira Lixo que não tem lixeiro Na segunda-feira Terça quarta quinta ou s**ta-feira Lixo de domingo entupindo o bueiro Cascas de banana nas calçadas da fama Crianças para enfeitar as praças Mas não tem cama Camelôs fugindo da sirene Sob o sol a pino O sangue da chacina Escapou da jaula do jornal de hoje Com a pose da sessão fashion Cidade sem céu Mas com paisagens portáteis Nas janelas das celas Nas paredes dos lares E os turistas estragando todos os lugares