[Introdução]
Certa vez, trocando ideia com um camarada
Senti que ele estava muito revoltado com alguma coisa
Então desabafou:
[Verso 1]
Está chegando a hora
To indeciso, não se fico ou se vou embora
O perigo não pede, implora
Pra que eu decida logo se fico olhando ou se jogo
Desse modo, naturalmente, o desespero cresce dentro de mim
E todo dia é a**im, É bem difícil pra mim
Com a família em formação, Mas com os pés no chão
Diziam os bons e ruins
Convites pra tretas erradas são constantes
Mas não to aqui pra roubar pedestre, nem ambulante
O lance tem que ser fita grande
O bastante pra não ter que repetir a dose
A tentação é muita só e eu sou mais forte
E acredito na metamorfose
Sei que meus problemas se acabarão um dia
E serei um bom exemplo para minha filha
É o que prezo em minhas orações a Virgem Maria
E é o anjo que nos guia
Sou cobaia do bem e do mal, o irmão mais velho da família
Que insiste na luta todo dia
Minha mãe aposta na educação que me deu
E mostrou os detalhes dos erros que cometeu
E com certeza um dos detalhes não sou eu
Muita gente torce pela minha vitória
Se perder, não perco só, existe uma história
Que não foi criada por mim apenas
Penso no pouco que fiz, e no muito que posso fazer
Estão querendo me comprometer
Sabem que sou sangue ruim, mas to sossegado
Meter bronca por aí é coisa do pa**ado
Eu já fiz muito isso, cê tá ligado
Meu santo disse que posso cometer vários erros
Mas não o erro de morrer mais cedo
Em nome de Oxalá, eu agradeço
Graças a essa visão, ainda não fui pro saco
Sou pobre, mas não sou fraca**ado
[Refrão]
Mais vale a pena estar vivo... (Já brincou muito com a sorte)
Mais vale a pena estar vivo... (Desabafo de um homem pobre)
Mais vale a pena estar vivo... (Já brincou muito com a sorte)
Mais vale a pena estar vivo...
[Verso 2]
Vejo na minha área vários tipos angustiados
Correndo atrás de dinheiro pra defender seu lado viciado
E me pergunto se esse é o lugar que eu quero viver
Com fulanos invadindo casas mal-acabadas e barracos de madeira
Tiram de gente humilde, e trabalhadeira
Pra defender um maldito prazer
Observo isso muito revoltado
E quando os homem me param na rua me tratam
Como se eu fosse um daqueles safados
Chegam perguntando: "Cadê a farinha? Cadê a maconha? Cadê o cano?"
Eu digo: "Senhor! Deve estar havendo algum engano"
Ele responde: "Não to te perguntando..."
Ele dá um pé-do-ouvido, sabe como é?
O sangue sobe, quero saber o motivo disso
Deve ser porque sou negro e pobre
É por isso que ele se morde
Ele queria que eu tivesse algum dinheiro
Pra me extorquir o ano inteiro
Sujando ainda mais o nome dos seus companheiros
Os que não fazem bico como justiceiros
Sou brasileiro, negro, cidadão honrado
E pobre, Mas não sou fraca**ado
[Refrão]
[Verso 3]
Acordo de manhã, pego o metrô e trem lotado
Se vou de buso, chego atrasado
Tento não atrasar minhas dívidas, por isso fico na dúvida
Ou encaro o perigo ou continuo sossegado
Ganhar mixaria ou correr o risco de ser apartado
Sinceramente não sei o que faço
Não quero ser mais um na lista de procurados
Olho pra dentro da minha casa, não é tudo que quero
Mas é tudo que posso ter, pelo menos, no momento
No futuro quero ter tudo que desejo
Vai depender do meu desempenho
Às vezes falta grana e fico mordido
Perco a paciência e qualquer coisa eu brigo
Preciso dar um jeito de parar com isso
Não vou fazer o jogo de quem tá por cima
Querendo que eu me estrua, essa não é a minha sina
Tá embaçado, mas eu vou achar uma saída
É muita coisa impedindo que eu chegue lá
Não tem problema, não desisto vou continuar
Até que um dia eu seja vencedor
Não me atrapalhem, por favor
Não peço muito, apenas quero ser apenas o que sempre fui
Um simples trabalhador
Que cumpre com suas obrigações e não deixa nada pra depois, certo?
Mesmo sendo os políticos o meu maior problema
Vou mostrar que não carrego a fraqueza como emblema
A vontade de vencer está sempre ao meu lado
Sou pobre, mas não sou fraca**ado
[Refrão]