[Verse 1: Ponto.P] Senti dor muitas vezes na vida Só mais um neguinho pobre com tendência homicida Com 5 de idade ser o homem da casa É como ser um soldado na Faixa de Gaza Foi mais de um ano devendo colégio particular E era pão com manteiga para me alimentar Minha mãe pa**ando roupa pela madrugada Só pra me sustentar, sem faltar nada Só vai faltar dinheiro e emprego Pra conseguir os dois tem que acordar bem cedo É louco ter que guardar água em barril E torcer pra chover, a escadaria vira rio De tempos em tempos, muda o endereço Ainda tive sorte, e nem sei se eu mereço Só mais um neguinho de origem pobre Sonhando com o ouro, mas vivendo com o cobre [Hook] Fui criado na pobreza, cheio de incerteza Vendo a riqueza na TV, mesmo sem saber por quê Porque dinheiro não rende E por que eu vou falando e ninguém entende? A dúvida acende... (BIS) [Verse 2: Ponto.P] A miséria já bateu na porta de casa Tem que sobreviver pisando em ponta de brasa Tudo acesa, sempre vivendo na pobreza Sem poder escolher o que vai ter na mesa Minha mãe apostando todas as fichas Pra gente ter um prato digno com arroz e salsicha Muitas vezes pensei em ir pro crime E então eu rimo, antes que minha alma desanime Pouca gente saberia Como me sinto andando em bairro nobre, se sou da periferia Os negos zoando, parceiros junto de manés
E eu longe, contando cada moeda de dez Parece que isso tudo é só um jogo político Às vezes, em casa, o bagulho é crítico Dívida por dívida, e meu dinheiro some Não é só de comida que a favela tem fome [Hook] Fui criado na pobreza, cheio de incerteza Vendo a riqueza na TV, mesmo sem saber por quê Porque dinheiro não rende E por que eu vou falando e ninguém entende? A dúvida acende... (BIS) [Verse 3: Ponto.P] Eu rimo por necessidade, não por hobby Pra esquecer um pouco dessa história de ser pobre Mas eu vejo Itaipava na capa da revista Enquanto ainda moro aqui no Bela Vista Não aguento mais ver minha mãe trabalhar na semana Se matando no emprego pra sustentar quem ela ama Mas isso tudo vai mudar... Quando eu subir no palco e todo mundo gritar O forro na sala, lotado de cupim E eu escrevendo, pensando por que a vida é a**im Parado na rua, o olhar distante e triste O corpo fraqueja, mas a alma resiste Se tô de pé, é porque não perdi a fé Vejo minha mãe na cozinha preparando o café Sou só mais um neguinho da periferia Que ainda confia Naquele que me protege e guia... [Hook] Fui criado na pobreza, cheio de incerteza Vendo a riqueza na TV, mesmo sem saber por quê Porque dinheiro não rende E por que eu vou falando e ninguém entende? A dúvida acende... (BIS)