Vi mosca urdindo fios De sombra na madrugada Vi sangue numa gravura E morte em caras paradas Via vis de meia noite E frutas elementares Vi a riqueza do mundo Em bocas disseminadas Vi pássaros transparentes Em minha casa a**ombrada Vi coisas de vida e morte E coisas de sal e nada Vi um cachorro sem dono À porta de um cemitério Vi a nudez nos espelhos Cristas na noite velada Vi uma estrela no meio
Da noite cristalizada Vi coisas de puro medo Na escuridão espelhada Vi um cruel testamento De anjos na madrugada Vi fogo sobre a panela No forno de uma cozinha Vi bodas inexistentes De noivas a**a**inadas Vi peixes no firmamento E tigres no azul das águas Mas não via claramente A circulação das ilhas Nos rios e nas vertentes E vi que não via nada Nada, nada...