[Verso 1]
Toda inspiração é um dom
Eu meto a caneta
Quem pensa entende meu som
Quem pensa que pensa, quer treta
Navego num mar de versos
De longe enxergo o naufrágio
Respeito a quem respeita
Cada cópia é feito um plágio
"Aqui nada se cria"
Minoria pensa nisso
Enquanto a maioria canta
"Rap é compromisso"
Em cada gota de tinta, uma gota de suor escorre
Enquanto eu componho o sonho real
Rimador não morre
Quem socorre pede calma
Seguidores batem palma
Balas que furam o corpo pa**am bem longe da alma
O ser humano constrói destrói
A maldade é o que mais me dói
A questão não é ser ou não ser
Nego cresce o "zói"
Olho pro céu e peço a Deus que me proteja
Que seja como for, que eu esteja onde eu esteja
O inimigo agrada, almeja
No fundo o que deseja
Decreta sua morte em cada gole de cerveja
Em quantas linhas se tem o futuro?
Ninguém tá seguro
O que difere um profeta de um poeta maduro?
Quantas rimas, versos e sonhos voam pelos ares?
Quantas tantas fazem eco em becos vielas e bares?
Somos todos ouvidos
Entre milhares de olhares
Aperte o cinto e tomem seus lugares
Paraíso, paraqueda, um pa**o pelo tempo se perdeu
No espaço para onde foi parar plebeu?
Não importa o seu descaso
Seu atraso eu tiro numa linha
O seu álbum não é nada sem a nossa figurinha
[Refrão]
O RAP FEZ EU SER O QUE EU SOU, ESTAR ONDE ESTOU; RESPEITE QUEM PODE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU (x4)
[Verso 2]
Levo a vida rimando, cantando
Fazendo dos sonhos bons momentos
É tanta desgraça, pobreza, mó treta
É gente com fome sem nada na mesa
Da poesia que sai da caneta
Faço meu som, Deus deu o dom
Pra muitos não é nada
Me emociono com cada linha, cada palavra
E foram dias, milhares de noites na correria
Fazendo nome, a trilha é pesada, tempo abala
E se vacilar você vai pra vala
Na mente a vontade de vencer
Na mente a vontade de compor na hora da dor
Me lembro lá atrás do mano que mataram no metrô
Rimador, rap versus bala foi uma vida, morô?
Nesse pedal, aí maioral, você pa**a mal
O rap é o som sem pedigree
Nem cola aqui, basta me ouvir
Sua falta de sonhos é lamentável
Não há respeito pelo pa**ado
Tá vivo o menino
Não é pecado, o tempo te ensina um bocado
Seu olho é cifrão
Mas ele convive com a solidão
Dinheiro não é tudo nesse mundão
Aí MC olhe a ilusão, pense nela não
Troquei meu CD por um gole
Admito, maluco, tava em choque
Loucuras, adrena, fora da arena
Na cena uma par de loque
Obrigado Kardec, me renovou, forte eu tô
Hoje separo, compreendo RAP, AMOR e DOR
Capas e capas, letras e letras
Pra bom entendedor, um pingo é letra
Não me vendi
Resisti contra a maré que tá por aí
Prossegui, me sinto feliz
Minha poesia, não corrompi
Cê se espanta, mas não desisti
Faço de alma e coração
MRN de novo na cena, irmão
[Refrão]
O RAP FEZ EU SER O QUE EU SOU, ESTAR ONDE ESTOU; RESPEITE QUEM PODE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU (x4)
[Verso 3]
Vou nessa e dê no que der
Prometo meu voto de fé
No rap se é o que é
E não "zé povinho" né, zé?
Mesmo que você não concorde
Reggae, Axé ou Pagode, pela ordem
Compra quem pode, se vende quem quer
Cada rima, cada letra
Tiroteio, muita treta
Amor e ódio em conflito
No recheio da bombeta
O que cê quer eu quero, louco
O que cê tem pra mim é pouco
Eu não pago, quero troco
Meu alívio, seu sufoco
De cordão de ouro e o carro cheio de mulher HEIN
Sem a humildade de quem já andou a pé HEIN
O mundo é uma bola
A vida tem o vai e vem
Vagabundo de cartola
Sobe um e caem cem
Mesmo que o clima for tenso
Em braile ou extenso
Escrevo o que penso
Expresso o que sinto
Só peço bom senso
Caminhando contra o vento
Sem lenço sem documento
Um minuto de atenção
Num segundo eu te convenço
O seu computador de última geração
Não tem capacidade nem memória pra dizer quem são
Os verdadeiros primeiros
Reais guerreiros, parceiros
Que fazem das centenas da cena
Apenas herdeiros
Não troco emoção por conforto
Será melhor um aborto
SEM ALMA E SEM CORAÇÃO, LADRÃO
O rap está morto
O RAP FEZ EU SER O QUE EU SOU, ESTAR ONDE ESTOU; RESPEITE QUEM PODE CHEGAR ONDE A GENTE CHEGOU (x4)