[Verso 1: Gabriel, o Pensador]
Amigo Urso, saudação polar
Ao leres esta, hás de te lembrar
Daquela grana que eu te emprestei
Quando estavas mal de vida e nunca te cobrei
Hoje estás bem e eu me encontro em apuros
Espero receber e pode ser sem juros
Este é o motivo pelo qual te escrevi
Agora quero que saibas como me lembrei de ti
Conjecturando sobre a minha sorte transportei-me em pensamento ao Pólo-Norte
E lá chegando sobre aquelas regiões
Vai vendo só quais as minhas condições
Morto de fome, de frio e sem abrigo
Sem encontrar em meu caminho um só amigo
Eis que de repente vi surgir na minha frente
Um grande urso e apavorado me senti
E ao vê-lo caminhando sobre o gelo
Porque não dizê-lo?
Foi que me lembrei de ti
Espero que mandes pelo portador
O que não é nenhum favor, tô te cobrando o que é meu
Sem mais, queira aceitar um forte abraço
Deste que muito te favoreceu
[Refrão x2]
O meu garoto já cresceu, dá cá o meu
Dá cá o meu
Que o meu garoto já cresceu
Manda mais cem
Que tu não negas pra ninguém
[Verso 2: Moreira da Silva]
Amigo velho, aí vai tua resposta
Quem é pobre nesse mundo
Sempre come do que gosta e o que não gosta
Eis porque fiquei furioso
Recebendo do amigo um tratamento desdenhoso
Mas a minha raiva logo se reprimiu
Eu não posso querer mal a quem tanto, tanto me serviu
Tua cartinha causou-me admiração
És perfeito na cobrança, como o gringo Salomão
Que vende roupa a prestação
Há muito eu andava persuadido que tu eras um sabido com carinha de otário
Mas, hoje, tua cartinha relendo, foi que fiquei sabendo que és expedicionário
Fostes ao Pólo sem gastar do teu algum
Enquanto eu fiquei sem nenhum aqui na velha dura sorte
Manda mais cem, eu sei que tu não negas
E receba do colega outro abraço forte
Minha continha eu pagarei no Pólo-Norte
[Refrão x2]