Penélope costura junto ao molhe Pergunta por Ulisses aos marujos Nenhum ouviu falar Ninguém o viu no mar Dentro da sua cesta há um novelo De lã e de madeixas de cabelo Do qual tece um lençol Que desfaz ao deitar Prometeu acabá-lo Quando Ulisses voltar Ulisses está perdido entre as ilhas Prisioneiro do canto das sereias Não encontra o caminho Entre águas e areias Na treva do mar Não se acendem candeias Penélope é mãe irmã e noiva Senhora do engenho da costela De Adão até Ulisses Nada mudou para ela Penélope pede contas aos astros Manda recados cifrados nos mastros E acende luzernas do mais puro azeite
E veste-se de branco casto Sem nenhum enfeite Ulisses está perdido entre as ilhas Prisioneiro do canto das sereias Não encontra o caminho Entre águas e areias Na treva do mar Não se acendem candeias Penélope cansada do lençol Já feito e desfeito até cansar Decidiu partir e conhecer o mar Penélope quebrou a tradição Da mulher que não parte e não viaja A Grécia já lá vai Roma também já foi E agora ela navega Sozinha e sem herói Ulisses chegou cansado e velho Penélope não estava à sua espera Tornou-se uma esquecida Em busca de Odisseias Ulisses está perdido Não tem quem lhe coza as meias