E foi Dezembro
Dito
Em tua voz
Que as minhas mãos
Colheram
Devagar.
E foi Dezembro
Escrito
Quando a sós
Tudo disseste
Quase
Sem falar.
Foi um palco
Vazio
A acontecer
No frio
Que se ergueu
Dentro de nós.
Uma distância
O mar
Que se estendeu
A separar da minha
A tua mão.
E foi Dezembro
Inteiro
A anunciar
A solidão
Dos dias
Por nascer.
E foi Dezembro
À chuva a reviver
As pedras
E os rios
E os luares.
Os nomes
Que vestiam
Os lugares
E os sonhos
Repartidos
Que não fomos.
A coragem
Nascida
De aceitar
A verdade de ser
O que hoje somos.
E foi Dezembro
Vivo
Na roseira
Despida
No silencio
Do jardim.
E foi Dezembro
Ainda na cegueira
Das asas de uma ave
Que há em ti.
Foi um tempo
De amantes
A aprender
Que não deve esquecer-se
O verbo amar.
Ou um inverno
Apenas
A perder-se
Da primavera
Do primeiro olhar.