[Verso 1: Edi Rock]
Esse lugar é um pesadelo periférico
Fica no pico numérico de população
De dia a pivetada a caminho da escola
A noite vão dormir enquanto os manos decola
Na farinha,hã! Na pedra, hã!
Usando droga de monte, que merda, hã!
Eu sinto pena da família desses cara
Eu sinto pena, ele quer mais, ele não para
Um exemplo muito ruim pros moleque
Pra começar é rapidinho e não tem breque
Herdeiro de mais alguma Dona Maria
(Cuidado senhora, tome as rédias da sua cria)
Porque chefe da casa trabalha e nunca está
Ninguém vê sair, ninguém escuta chegar
O trabalho ocupa todo o seu tempo
Hora extra é necessário pro alimento
Uns reais a mais no salário
Esmola de patrão, cuzão, milionário
Ser escravo do dinheiro é isso, fulano
Trezentos e sessenta dias por ano sem plano
Se a escravidão acabar pra você
Vai viver de quem? Vai viver de quê?
O sistema manipula sem ninguém saber
A lavagem cerebral te fez esquecer que andar com as próprias pernas não é difícil
Mais fácil se entregar, se omitir
Nas ruas áridas da selva
Eu já vi lágrimas demais, o bastante pra um filme de guerra
[Sample]
(Aqui a visão já não é tão bela)
(Não existe outro lugar)
(Periferia, gente pobre) (x4)
[Verso 2: Edi Rock]
Um mano me disse que quando chegou aqui
Tudo era mato e só se lembra de tiro aí
Outro maluco disse que ainda é embaçado
Quem não morreu, tá preso sossegado
Quem se casou quer criar o seu pivete ou não
Cachimbar e ficar doido igual moleque, então
A covardia dobra a esquina e mora ali
Lei do cão, lei da selva, hã, hora de subir
(Mano, que treta, mano! Mó treta, você viu?
Roubaram o dinheiro daquele tio!)
Que se esforça sol a sol, sem descansar
Nossa Senhora o ilumine, nada vai faltar
É uma pena, um mês inteiro de trabalho
Jogado tudo dentro de um cachimbo, caralho!
O ódio toma conta de um trabalhador
Escravo urbano, um simples nordestino
Comprou uma arma pra se auto-defender
Quer encontrar o vagabundo que esta vez não vai ter...
Boi (Qual que foi?)
Não vai ter, boi (Qual que foi?)
A revolta deixa o homem de paz imprevisível
E sangue no olho, impiedoso e muito mais
Com sede de vingança e prevenido
Com ferro na cinta, acorda na, madrugada de quinta
Um pilantra andando no quintal
Tentando, roubando as roupas do varal
Olha só como é o destino, inevitável
O fim de vagabundo, é lamentável
Aquele puto que roubou ele outro dia
Amanheceu cheio de tiro, ele pedia
Dezenove anos jogados fora!
É foda, essa noite chove muito porque Deus chora
[Sample]
(Muita pobreza, estoura a violência)
(Nossa raça está morrendo mais cedo)
(Não me diga que está tudo bem)
[Verso 3: Edi Rock]
Vi só de alguns anos pra cá, pode acreditar
Já foi bastante pra me preocupar com meus filhos
Periferia é tudo igual
Todo mundo sente medo de sair de madrugada e tal
Ultimamente andam os doidos pela rua
Louco na fissura, te estranham na loucura
Pedir dinheiro é mais fácil que roubar, mano
Roubar é mais fácil que trampar, mano
É complicado, o vício tem dois lados
Depende disso ou daquilo ou não tá tudo errado
Eu não vou ficar do lado de ninguém por quê?
Quem vende droga pra quem? Hã
Vem pra cá de avião, pelo porto cai
Não conheço pobre dono de aeroporto e mais
Fico triste por saber e ver
Que quem morre no dia a dia é igual a eu e a você
[Outro]
(Periferia é periferia!) (Que horas são, não sei responder!)
(Periferia é periferia! (Milhares de casas amontoadas!)
(Periferia é periferia! (Vacilou, ficou pequeno pode acreditar!)
(Periferia é periferia! (Em qualquer lugar, gente pobre)
(Periferia é periferia!) (Vários botecos abertos, várias escolas vazias!)
(Periferia é periferia!) (E a maioria por aqui se parece comigo...)
(Periferia é periferia!) (Mães chorando, irmãos se matando, até quando?)
(Periferia é periferia!) (Em qualquer lugar, gente pobre)
(Periferia é periferia!) (Aqui meu irmão é cada um por si!)
(Periferia é periferia!) (Molecada sem futuro eu já consigo ver!)
(Periferia é periferia!) (Aliados drogados!)
(Periferia é periferia!) (Em qualquer lugar, gente pobre)
(Periferia é periferia)
(Deixe o crack de lado, escute meu recado... cado... cado...)