Como o grito de quem nasce num instante
Foi de negro que vieste, meu amante
Foi de negro como a noite desse dia
Foi de pranto dessa boca a gargalhada
O sorriso que é a morte anunciada
Do Carnaval do amor, a fantasia
Depois foi o canto, a romaria
As festas da Senhora da Agonia
E tudo o que sonhei por seres quem és
Os beijos que inventei na tua boca
Os gemidos a rasgar a tua roupa
Os meus lábios a beberem as marés
Por isso eu te digo meu senhor
Que esta fala não é pranto, não é dor
Nem vontade de prender ou de largar
É mostrar que sei de ti o que é preciso
P'ra transformar por fim num claro riso
Toda a cor que sei de cor do teu olhar