Tô com 30 anos
Tô com o espelho fora do lugar
Tô desconfiada
Tô com uma vontade louca
Uma vontade enorme
De ser tudo
De dormir
No escuro
De rastejar, de me perder
No ar
Quero dançar
Quero dançar
Quero dançar
Não vou ter medo de viver
Tampouco de amar
Quero dançar
Quero dançar
Quero dançar
Não vou ter medo de morrer
Nem mesmo de amar
Meu compromisso
É com a alegria
Tudo o que me atravessa
Entre a pressa e a calmaria
Tô com 30 anos
Com trezentos anos
Nada tão normal
Vida sobrenatural
Quero dançar
Quero dançar
Quero dançar
Não vou ter medo de viver
Tampouco de amar
Quero dançar
Quero dançar
Quero dançar
Não vou ter medo de morrer
Nem mesmo de amar
Esta é uma carta aos trinta anos
Olho o espelho
Tem um nariz fora do lugar
Um olho mais baixo que o outro
Algumas saudades, algumas espinhas
Já tive mais, já tive mais
Um leve erguer diferente da sobrancelhas
Uma vontade louca de ser tudo
Outra vontade enorme de dormir
Parece um estágio entre
A lagarta e a borboleta
Quando já não mais se rasteja
Nem ainda se voa
Quando já não mais se acredita de olhos fechados
Mas fecha os olhos com veemência para acreditar
Minha inocência é meu triunfo
Minha divagação pelo mundo também
Pergunto quem foi aquele que realmente amei
Ou aquela, ou aqueles, ou aquilos
Em relacionamento sério com o palco
E com tudo que me atravessa
Quero dançar
Quero dançar
Quero dançar
Eu não terei medo de viver
Nem de morrer de amor
Meu compromisso é com a alegria
E com o instante inaugural
Esta é uma carta aos 30 anos
Vida sobrenatural