Pa**os descalços restolhando pela estrada de macadame Pernas curtidas descrevendo arcos desengonçados O destino incerto, a dúvida quente O céu descoberto, o futuro longe E o pa**ado incapaz de conter a ambição imprudente Há muito tempo, há muito tempo... Demos tudo o que tivemos Para agarrar o tempo Teias de ferro fortificam a cidade industrial Que se alimenta do suor dos corpos mecanizados O aço temperado, a manufactura O montro acordado, o inconsciente activo
E ninguém sabe aonde irá desembocar a aventura Há muito tempo, há muito tempo... Nós pa**ámos tento tempo Para estragar o tempo Domingo à tarde, o planeta está colado à televisão O astronauta domestica a lua com gestos lentos O mar entulhado, o céu mais cinzento A publicidade, o perigo iminente E a sensação da alma não acompanhar o movimento Há muito tempo, há muito tempo... Ninguém fica indiferente Ao sabor do tempo