Pois é, a vida está uma...Pois é
Tenho a mão vazia dentro do meu bolso
Que está tão vazio como a minha mão
Aperto o vazio tanto quanto posso
Nesta encruzilhada, que vida de cão
Este é o fado da cla**e
atarefada que pa**a
o dia inteiro com ma**a
e o cimento no braço
a pensar: - como é que eu faço
para sair deste esca**o
vencimento ou caio no esquecimento
num curto espaço de tempo
e se eu protesta**e ao meu presidente
o que me vai no pensamento,
talvez ele não gosta**e
Ah pois é, não és o desempregado
não és o pregado de sempre, que tá sempre apertado,
para mim qualquer coisa é bem vindo ao meu agregado,
fico agradecido mas nem sempre bulo com agrado
Aquilo que eu oiço é sempre igual em todo o lado,
que a culpa é do Estado que tem estado num estado ba*tardo
Chega ao domingo vou p'ró estádio p'ra estar com o Mário
é aí que eu me vingo para afastar-me do obstáculo diário,
o Mário é o meu puto, tem sete anos e granda cenário,
respeita-me muito e já sabe que eu sou um mercenário
tê-lo por perto um dia é só um segundo bem breve
porque eu liberto euforia até que a segunda me leve,
mas como tenho teimosia estou a pensar fazer greve,
no bolso tenho a mão vazia, o patrão ainda me deve, man
Todo o santo dia enchem-me a cabeça
Velhas frases feitas, manipulação
Falam de milagre e à espera que aconteça
Vamos desvivendo...que vida de cão
Num sonambulismo telecomandado
Cumprimos os dias em resignação
Não há luz no túnel é o nosso fado
Presos por uma trela, que vida de cão
Tou preso por uma trela, vivo uma vida de cão
Minha rotina é uma cela que cancela uma ambição
Que me revolta e indigna, mas dá-me resignação
Só oiço velhas frases feitas, é a manipulação
Que se alivia à noite quando eu ligo a televisão
Pa**am-se as promessas, por nunca cumpridas
Enganosas frases dão por explicação
Na vida sou um número entre tantas vidas
Resta-me ser digno como é o cão.