Segui-te na estrada Cantei-te p'ra nada Fiz montes e vales em busca de ti Encontrei-me às portas da morte De tento vergar De tanto insistir E no mar Mil virgens à espera Gritaram o meu nome Eu não respondi Sonhei que era cego No bico de um prego E quando acordei fui chorar escondido Quem for rei virá num cruzeiro Se eu quis ser rei Foi para sê-lo contigo Quando o sol girar E o céu afundar Ouvirás finalmente o que eu digo Dei o teu retrato Ao genro de um sapo Herdei comprimidos para adormecer Ai, rezei à Santa Fortuna À deusa das tréguas do meu querer E a verdade roubou um bote de casco partido Para ir morrer
A jurisprudência Leu-me a sentença Eu fora detido por parecer diferente E morar na casca de um ovo Sem ter cabido na cova de um dente Quando eu quis falar Ela pôs-se a andar Tal o medo de ficar doente Até que a mãe feia Me deu a ideia De partir para a Guerra-santa do Sul Ai, talvez aí avista**e Nalguma burca o teu olho azul Só que o vento ouviu no deserto que alguém andava perto E não eras tu Perdido e cansado Quis voltar a nado Mas já ia longe a minha juventude Fui deitar-me ao pé de um barraco Adormeci num balde de crude Quando o sol nasceu Deus mostrou-se e eu Defendi-me o melhor que pude