Pressentindo a madrugada
Na beira do meu olhar
Abro a mão, não tenho nada
Mas não a torno a fechar
Ao ver o teu sono lindo
A dormir na minha mão
O orvalho vai caindo
Nas rugas da solidão
Tu chamas-me de alvorada
E fazes-te de sol-posto
Ao veres cair a geada
Pelos vales do meu rosto
No momento em que despertas
Das tuas noites sombrias
Vês que tenho as mãos abertas
E que as duas estão vazias
É por não terem lá nada
Que só se fecham as duas
Na surpresa abandonada
De irem abraçar as tuas.