Não desiste negra, não desiste
Ainda que tente lhe calar
Por mais que queiram esconder
Corre em tuas veias força ioruba axé pra que possa prosseguir
Eles precisam saber que a mulher negra quer casa pra morar, Água pra beber, terra pra se alimentar
Que a mulher negra é ancestralidade de imbês e atabaques Que ressondam os pés
Que a mulher negra tem suas convicções, suas imperfeições Como qualquer outra mulher vejo que todas nós
Negras meninas
Temos olhos de estrelas que por vezes se permitem constelar
O problema é que desde sempre nos tiraram a nobreza, Duvidaram das nossas ciências e quem antes atendia pelo pronome alteza hoje pra sobreviver lhe sobre o cargo de empregada da casa
É preciso lembrar de nossa raiz semente negra de força matriz
Que brota em riste, mãos calejadas corpos marcados sim
Mas de quem ainda resiste
E não desiste negra, não desiste
Mantenha sua fé onde lhe couber seja espírita
Budista do candomblé
É teu desejo de mudança
A magia que trás da tua dança que vai lhe manter de pé
É, você mulher negra, cujo tratamento majestade é digno
Livre que arma seus crespos contra o sistema
Livre que anda na rua sem sofrer violência
E que se preciso for levanta a arma, mas antes
Antes luta com poema
E não desiste negra, não desiste
Ainda que tentem lhe oprimir
E acredite eles não vão parar tão cedo
Quanto mais você se omitir
Mais eles vão continuar a nossa história escrevendo
Quando olhar para suas irmãs veja que todas somos o início
Mulheres negras, desde o primórdio, desde os princípios
África mãe de todos, repare nos teus traços, indícios
É no teu colo onde tudo principia
Somos as herdeiras da mudança de um novo ciclo
É por isso que eu digo que eu não desisti, que não desisto
Que não desisto