Ponha aqui
O seu pézinho
Devagar, devagarinho
Se vai à ribeira grande
Qu' eu tenho
Uma carta escrita
Para ti cara bonita
Não tenho por quem a mande
Eu nasci à s**ta-feira
Com barbas e cabeleira
Mais parecia um anti-Cristo
Até mesmo
O Padre cura
Que é um homem
De sabedura
Nunca tal havera visto
Toda a moça que é bonita
Se ela chora
Se ela grita
Nunca havera de nascer
É como a maçã madura
Da quinta
Do Padre cura
Todos a querem comer
Ponha aqui
O seu pézinho
Devagar, devagarinho
Se vai à ribeira grande
Qu' eu tenho
Uma carta escrita
Para ti cara bonita
Não tenho por quem a mande
Eu fui à Vila Franca
Escarechado numa tranca
À morte d'uma galinha
O que ela tinha no papo
Sete cães e um macaco
E um soldado da marinha
Eu fui à Praia da Rocha
De sapatos e galochas
Ver se o mar estava manso
Encontrei lá uma sueca
Que até nem tinha cueca
A dormir o seu descanso
Ponha aqui
O seu pézinho
Devagar, devagarinho
Se vai à ribeira grande
Qu' eu tenho
Uma carta escrita
Para ti cara bonita
Não tenho por quem a mande
Eu fui de Lisboa a Sintra
À casa da Ti Jacinta
Pra fazer uns calções
Mas a pobre criatura
Esqueceu-se da abertura
Para as minhas precisões
Eu fui casar às capelas
Por ser fraco das canelas
Com uma mulher sem nariz
Esta gente das Fajãs
Já me deram os parabéns
P'lo casamento que fiz
Ponha aqui
O seu pézinho
Devagar, devagarinho
Se vai à ribeira grande
Qu' eu tenho
Uma carta escrita
Para ti cara bonita
Não tenho por quem a mande