[Verso 1: Mano Brown] Essa porra é um campo minado Quantas vezes eu pensei em me jogar daqui? Mas, aí, minha área é tudo o que eu tenho A minha vida é aqui e eu não preciso sair É muito fácil fugir mas eu não vou Não vou trair quem eu fui, quem eu sou Eu gosto de onde eu tô e de onde eu vim Ensinamento da favela foi muito bom pra mim Cada lugar um lugar, cada lugar uma lei Cada lei uma razão e eu sempre respeitei Qualquer jurisdição, qualquer área Jd. Santo Eduardo, Grajaú, Missionária Funchal, Pedreira e tal, Joaniza Eu tento advinhar o que você mais precisa Levantar sua goma ou comprar uns pano Um advogado pra tirar seu mano No dia da visita você diz Que eu vou mandar cigarro pros maluco lá no x Então, como eu tava dizendo, sangue bom Isso não é sermão, ouve aí, tenho o dom Eu sei como é que é, é foda parceiro É, a maldade na cabeça o dia inteiro Nada de roupa, nada de carro, sem emprego Não tem ibope, não tem rolê, sem dinheiro Sendo a**im, sem chance, sem mulher Você sabe muito bem o que ela quer (é) Encontre uma de caráter se você puder É embaçado ou não é? Ninguém é mais que ninguém, absolutamente Aqui quem fala é mais um sobrevivente Eu era só um moleque, só pensava em dançar Cabelo black e tênis All Star Na roda da função mó zoeira Tomando vinho seco em volta da fogueira A noite inteira, só contando história Sobre o crime, sobre as treta na escola Eu não tava nem aí, nem levava nada a sério Admirava os ladrão e os malandro mais velho Mas se liga, olhe ao seu redor e me diga: O que melhorou? da função quem sobrou? Sei lá, muito velório rolou de lá pra cá Qual a próxima mãe que vai chorar? Há, demorou mas hoje eu posso compreender Que malandragem de verdade é viver Agradeço a Deus e aos Orixás Parei no meio do caminho e nem olhei pra trás Meus outros manos todos foram longe demais Cemitério São Luiz aqui jaz Mas que merda, meu oitão tá até a boca Que vida louca! Por que é que tem que ser a**im? Ontem eu sonhei que um fulano aproximou de mim "Agora eu quero ver ladrão" (pá! pá! pá! pá!) Fim É, sonho é sonho, deixa quieto Sexto sentido é um dom, eu tô esperto, morrer é um fator Mas conforme for, tem no bolso e na agulha e mais 5 no tambor Joga o jogo, vamo lá, caiu a 8 eu mato a par Eu não preciso de muito pra sentir-me capaz De encontrar a Fórmula Mágica da Paz [Refrão: (Mano Brown)] Eu vou procurar, sei que vou encontrar, eu vou procurar Eu vou procurar, você não bota uma fé, mas eu vou atrás {Eu vou procurar e sei que vou encontrar} (Da minha fórmula mágica da paz) Eu vou procurar, sei que vou encontrar (Procure a sua) eu vou procurar, eu vou procurar Você não bota uma fé (Eu vou atrás da minha) Você não bota uma fé {Eu vou procurar e sei que vou encontrar} [Verso 2: Mano Brown, Ice Blue] Caralho, que calor, que horas são agora? Dá pra ouvir a pivetada gritando lá fora Hoje, acordei cedo pra ver Sentir a brisa de manhã e o sol nascer É época de pipa, o céu tá cheio 15 anos atrás eu tava ali no meio Lembrei de quando era pequeno, eu e os cara Faz tempo, faz tempo e o tempo não para Hoje tá da hora o esquema pra sair É, vamo, não demora, mano, chega aí Cê viu onti? os tiro ouvi um monte, então Diz que tem uma pá de sangue no campão Ih, mano toda mão é sempre a mesma ideia junto Treta, tiro, sangue, aí, muda de a**unto Traz a fita pra eu ouvir que eu tô sem Principalmente aquela lá do Jorge Ben Uma pá de mano preso chora a solidão Uma pá de mano solto sem disposição Empenhorando por aí, rádio, tênis, calça
Acende num cachimbo, virou fumaça! Não é por nada não, mas aí, nem me ligo, ó A minha liberdade eu curto bem melhor Eu não tô nem aí pra o que os outros fala 4, 5, 6, preto num Opala Pode vir gambé, paga pau, tô na minha na moral Na maior,sem goró, sem pacau, sem pó Eu tô ligeiro, eu tenho a minha regra Não sou pedreiro, não fumo pedra Um rolê com os aliados já me faz feliz Respeito mútuo é a chave é o que eu sempre quis (Diz) Procure a sua, a minha eu vou atrás Até mais, da fórmula mágica da paz [Refrão] [Verso 3: Mano Brow] Choro e correria no saguão do hospital Dia das criança, feriado e luto final Sangue e agonia entra pelo corredor "Ele tá vivo? Pelo amor de Deus, doutor" 4 tiros do pescoço pra cima Puta que pariu a chance é mínima Aqui fora, revolta e dor Lá dentro estado desesperador Eu percebi quem eu sou realmente Quando eu ouvi o meu subconsciente: (E aí mano brown, cuzão? cadê você? Seu mano tá morrendo o que você vai fazer?) Pode crer, eu me senti inútil, eu me senti pequeno Mais um cuzão vingativo, vai vendo Puta desespero, não dá pra acreditar Que pesadelo, eu quero acordar Não dá, não deu, não daria de jeito nenhum O Derley era só mais um rapaz comum Dali a poucos minutos Mais uma Dona Maria de luto Na parede o sinal da cruz Que porra é essa? Que mundo é esse? Onde tá Jesus? Mais uma vez um emissário Não incluiu Capão Redondo em seu itinerário Porra, eu tô confuso, preciso pensar Me dá um tempo pra eu raciocinar Eu já não sei distinguir quem tá errado, sei lá Minha ideologia enfraqueceu: Preto, branco, polícia, ladrão ou eu? Quem é mais filha da puta, eu não sei Aí fudeu, fudeu, decepção essas hora A depressão quer me pegar vou sair fora 2 de novembro era finados Eu parei em frente ao São Luís do outro lado E durante uma meia hora olhei um por um E o que todas as senhoras tinham em comum: A roupa humilde, a pele escura O rosto abatido pela vida dura Colocando flores sobre a sepultura (Podia ser a minha mãe) Que loucura Cada lugar uma lei, eu tô ligado No extremo sul da Zona Sul tá tudo errado Aqui vale muito pouco a sua vida A nossa lei é falha, violenta e suicida Se diz que, me diz que, não se revela: Parágrafo primeiro na lei da favela Legal, a**ustador é quando se descobre Que tudo dá em nada e que só morre o pobre A gente vive se matando irmão, por quê? Não me olhe a**im, eu sou igual a você Descanse o seu gatilho, descanse o seu gatilho Que no trem da malandragem, o meu rap é o trilho Vou dizer... [Outro] Pra todas a famílias ai que perderam pessoas importante morô, meu? Não se acostume com esse cotidiano violento Que essa não é a sua vida, essa não é a minha vida morô, mano? Aí Derlei, descanse em paz! Aí Carlinhos procure a sua paz! Aí quico, você deixou saudade morô, mano? (Agradeço à Deus e aos Orixás) Eu tenho muito a agradecer por tudo (Agradeço à Deus e aos Orixás) {Eu vou procurar e sei que vou encontrar} Cheguei aos 27, sou um vencedor, tá ligado mano? (Agradeço à Deus e aos Orixás) Aí procure a sua, eu vou atrás da minha fórmula mágica da paz {Eu vou procurar e sei que vou encontrar} Aí, manda um toque na quebrada lá, Cohab, adventista e pá rapaziada (Malandragem de verdade é viver) Se liga, procure a sua paz Aqui quem fala é Mano Brown mais um sobrevivente 27 anos contrariando as estatísitca, morô? Procure a sua, você pode encontrar sua paz, seu paraíso, você pode encontrar seu inferno Eu procuro a paz