Era, não era
Foi deixado ao abandono
Num dia quente de Outono
No meio de um meloal
Era, não era
Sei lá eu se era ou não era
Só sei que os lados da esfera
Cortam mais do que um punhal
São mais ou menos cento e vinte e quatro lados
Redondinhos, afiados, do tamanho de um pardal
Mas sem as penas nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis nem a corda do estendal
Era, não era
Palmilhei o mar profundo
Sem parar um só segundo
Para apanhar estrelas do céu
No meio das núvens
Nadei eu entre os rochedos
Cheio de frio e de medos
Ao sabor do macaréu
Os macaréus são umas ondas muito altas
Da família das pernaltas e maiores do que um pardal
Mas sem as penas nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis nem a corda do estendal
Era, não era
Diz o nabo para o repolho
Tu não me franzas o olho
Que eu de ti não tenho medo
Era, não era
Diz a ameixa para a cenoura
Vou para Paredes de Coura
Vou partir de manhã cedo
Uma linda terra do concelho de Alcobaça
Só conhece quem lá pa**a junto à tasca do pardal
Mas sem as penas nem as partes comestíveis
Nem a caixa dos fusíveis nem a corda do estendal