Tenho a cabeça espetada
Entre a noite e a madrugada
Tenho um braço deitado
Entre o perfeito e o enjeitado
E um canhão apontado
P'ra qualquer lado enfeudado
Venha lá quem quiser
Estou p'ro que der e vier
De manhã mal acordado
De noite pouco ensonado
Para a aventura que eu teço
Encontro os dias do avesso
Na terra do perder
Deus é dinheiro
O Diabo é não o ter
Seja homem ou mulher
Estou p'ro que der e vier
Dia a dia num aperto
Que mais parece um deserto
No descalabro do medo
Mal se levanta um dedo
Aconteça o que acontecer
Não temos nada a perder
Dê no que vier a dar
Assim não podemos ficar
Hei-de ser a barricada
Arma fogo despedida
Hei-de ser ferro forjado
Dia e noite amor calado
Hei-de ser punho cerrado
E ternura docemente
E haja lá o que houver
Estou p'ro que der e vier