Rosalinda
Se tu fores à praia
Se tu fores ver o mar
Cuidado não te descaia
O teu pé de catraia
Em óleo sujo à beira-mar
A branca areia de ontem
Está cheiinha de alcatrão
As dunas de vento batidas
São de plástico e carvão
E cheiram mal como avenidas
Vieram para aqui fugidas
A lama a putrefacção
As aves já voam feridas
E outras caem ao chão
Mas na verdade Rosalinda
Nas fábricas que ali vês
O operário respira ainda
Envenenado a desmaiar
O que mais há desta aridez
Pois os que mandam no mundo
Só vivem querendo ganhar
Mesmo matando aquele
Que morrendo vive a trabalhar
Tem cuidado...
Rosalinda
Se tu fores à praia
Se tu fores ver o mar
Cuidado não te descaia
O teu pé de catraia
Em óleo sujo à beira-mar
Em Ferrel lá p'ra Peniche
Vão fazer uma central
Que para alguns é nuclear
Mas para muitos é mortal
Os peixes hão-de vir à mão
Um doente outro sem vida
Não tem vida o pescador
Morre o sável e o salmão
Isto é civilização
Assim falou um senhor
Tem cuidado