(CORO)
Ah, moreno
Ah, moreno
Ah, morenê
Ah, meu amor
Ah, moreno
Saia dessa roda
Venha descansar
Venha pro meu colo
Venha namorar
Ah, moreno
Inda sou menina
Mas já sei amar
Aprendi mais cedo
Só pra lhe ensinar
Ah, moreno
Filho da Bahia
Se você não vem
Não lhe faço dengo
Não vou lhe ninar
Ah, moreno
(2X)
Viver não é fácil, não
Pergunte pra meu coração
Sei perder na valentia
Sei amar o meu amor
Ah, moreno
Sei beber no varandá
Foi Sandoval quem me ensinou
Ah, moreno
(Repete tudo, exceto CORO)
Sei perder na valentia
Sei amar o meu amor
Ah, moreno
Sei beber no varandá
Foi Sandoval quem me ensinou
Ah, moreno
Ah, moreno
Ah, moreno
Ah, morenê
Ah, meu amor
Ah, moreno
(até o fim)
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Uma cantiga de amor se mexeu
Uma tapuia no porto a cantar
Um pedacinho de lua nascendo
Uma cachaça de papo pro ar
Um não sei quê de saudade doente
Uma saudade sem tempo ou lugar
Uma saudade querendo, querendo
Querendo ir e querendo ficar
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
E, no silêncio, uma folha caída
Uma batida de remo a pa**ar
Um candeeiro de manga comprida
Um cheiro bom de peixada no ar
Uma pimenta no prato espremida
Outra lambada depois do jantar
Uma viola de corda curtida
Nessa sofrida sofrência de amar
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
E o vento espalhado na capoeira
A lua na cuia do bamburral
A vaca mugindo lá na porteira
E o macho fungando cá no curral
O tempo tem tempo de tempo ser
O tempo tem tempo de tempo dar
Ao tempo da noite que vai correr
O tempo do dia que vai chegar
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite,
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Um cavalo no pasto,
Uma égua no cio
Um princípio de noite,
Um caminho vazio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Uma leira, uma esteira,
Uma beira de rio
Uma leira, uma esteira...
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Lá vem a força, lá vem a magia
Que me incendeia o corpo de alegria
Lá vem a santa maldita euforia
Que me alucina, me joga e me rodopia
Lá vem o canto, o berro de fera
Lá vem a voz de qualquer primavera
Lá vem a unha rasgando a garganta
A fome, a fúria, o sangue que já se levanta
De onde vem essa coisa tão minha
Que me aquece e me faz carinho?
De onde vem essa coisa tão crua
Que me acorda e me põe no meio da rua?
É um lamento, um canto mais puro
Que me ilumina a casa escura
É minha força, é nossa energia
Que vem de longe prá nos fazer companhia
É Clementina cantando bonito
As aventuras de seu povo aflito
É Seu Francisco, boné e cachimbo
Me ensinando que a luta é mesmo comigo
Todas Maria, Maria Dominga
Atraca Vilma e Tia Hercília
É Monsueto e é Grande Otelo
Atraca, atraca que o Naná vem chegando
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Ilá, iê, aê, ilê, ilá
Qui zombô di ê
Num vá má zombá!
Nos dias de dezembro, janeiro e fevereiro
O povo dessa terra
Não quer mais trabalhar
Só porque pa**ou
Um afoxé de branco
Tocando um agogô
E o povo quer cantar
Ilá, iê, aê, ilê, ilá
Qui zombô di ê
Num vá má zombá!
No céu do meu país
Estrela Radiante
Na terra tem quermece
E tem alto falante
Fala, fala, fala
Fala meu amor
Fala o que eu mandei
Dizer pro meu amor
Ilá, iê, aê, ilê, ilá
Qui zombô di ê
Num vá má zombá!
Meu povo é pobre, pobre
É de marré de sí
É de morrer de dor
Mas há de resistir
Na raça de quem tem
E sabe o seu caminho
Que lindo é o agogô
No seu repiniquinho
Ilá, iê, aê, ilê, ilá
Qui zombô di ê
Num vá má zombá!