Descendo a serra
(Humberto Gessinger)
tô descendo a serra
cego pela serração
salvo pela imagem
pela imaginação
de uma bailarina ao asfalto
fazendo curvas sobre patins
to descendo a serra
cego pela neblina
você nem imagina
como tem curvas essa estrada
ela parece uma serpente morta
às portas do paraíso
o inferno ficou para trás
com as luzes lá em cima
o céu não seria rima
nem seria solução
um dia de cão
um mês de cães danados
ordem no caos
olhos nublados
um cão anda em círculos
atrás do próprio rabo
um dia de cão
um mês de cães danados
ordem no caos
olhos cansados
não há nada de novo
no ovo da serpente
é sempre a mesma stória
(é tão difícil partir)
é sempre a mesma stória
(é impossível ficar)
é sempre mais difícil dizer adeus
quando não há nada mais pra se dizer
é muito mais difícil dizer adeus
quando não há nada mais pra se dizer
Contribuição:
Leandro Maciel