No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo
Onde a dor e a saudade contam coisas da cidade;
No rancho fundo, de olhar triste, profundo
Um moreno canta as mágoas tenho os olhos rasos dágua
Pobre moreno, que de tarde, no sereno
Espera a lua no terreiro tendo um cigarro por
Companheiro;
Sem um aceno, ele pega da viola e a lua, por esmola
Vem pro quintal desse moreno
No rancho fundo, bem pra lá do fim do mundo
Nunca mais houve alegria, nem de noite, nem de dia;
Os arvoredos já não contam mais segredos
E a última palmeira já morreu na cordilheira
Os pa**arinhos internaram-se nos ninhos
De tão triste, esta tristeza enche de trevas a
Natureza
Tudo por que? só por causa do moreno
Que era grande, hoje é pequeno para uma casa de sapé
Se deus soubesse da tristeza lá na serra
Mandaria lá pra cima todo amor que há na terra
Porque o moreno vive louco de saudade
Só por causa do veneno das mulheres da cidade
Ele que era o cantor da primavera
Que até fez do rancho fundo o céu maior que tem no
Mundo
O sol queimando, se uma flor lá desabrocha
A montanha vai gelando, lembrando o aroma da cabrocha