As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio
Se irmanam na fogueira das paixões!
Os corações pegam fogo e depois
Não há nada que os apague
Se a combustão os persegue
As labaredas e as brasas são
O alimento, o veneno, o pão
O vinho seco, a recordacão
Dos tempos idos de comunhão
Sonhos vividos de conviver!
As aparências enganam
Aos que odeiam e aos que amam
Porque o amor e o ódio
Se irmanam na geleira das paixões!
Os corações viram gelo e depois
Não há nada que os degele
Se a neve cobrindo a pele
Vai esfriando por dentro o ser
Não há mais forma de se aquecer
Não há mais tempo de se esquentar
Não há mais nada pra se fazer
Senão chorar sob o cobertor!
As aparências enganam
Aos que gelam e aos que inflamam
Porque o fogo e o gelo
Se irmanam no outono das paixões!
Os corações cortam lenha e depois
Se preparam para outro inverno
Mas o verão que os unira
Aínda vive e transpira ali
Nos corpos juntos na lareira
Na reticente primavera
No insistente perfume
De alguma coisa chamada amor...