O meu sangue tem palha de coco,
Tem palha de arroz, sandália de couro,
Faca de valente, cabelo sem pente.
Revolução transmitida nas telas dos celulares
Com máscaras de gás, de garrafa pet,
High tech, black block , os trem...no meu sangue tem.
No meu sangue tem urro de boi morrendo,
Secura do solo embaixo do sol que arde,
Quentura de fim de tarde.
Da gente misturada ecoa os risos
Dos alegres, dos dormentes, dos covardes e indecisos.
Dos que sentem e também dos que não sentem dor.
Tem mandacaru da mais periculosa ‘flô'.
Sangue com areia dos Tremembé,
Quando deles derramaram o sangue pelo chão.
Tem fila no quilo e um pouco mais daquilo.
Tem a fartura de um tudo e também já tou farto,
Dispensando o kick do teco no prato.
Tem raiva, cartão de banco, desilusão, tem riso frouxo e amor
Que eu dou só pros oin pequeno da minha menina.
E de fato
Desprezando a eugenia citada nas cartas do Monteiro Lobato,
Meu sangue tem no mínimo três fios da etnia do cangaço.
O suor e o facão são os mesmos
E ao invés de sandália,
Tou pisando com meu cano longo de couro
E o cano longo de aço.
Disparando cada balaço
Cabeça do chefe, desdobro no disco rígido do HD
Corte de facão que dá arrelia.
O chef cozinha a vingança com calda fria em banho maria
Do conhecimento, do descarte e da poesia.
Azia dos que querem meu sangue,
Não terão o meu sangue
Quer no começo, quer no fim