[Verso 1]
Quando invadi o terreno tive um mau pressentimento
Antevi bomba de efeito moral e cão de guarda mordendo
Foda-se se área não cumpri sua função social
No final é expulsão brutal com aval judicial
O cuzão que abandona o bem e sonega IPTU
Banca o pa**eio do judiciário de caiaque em Honolulu
Enquanto fincava caibro e martelava prego
Observava os olhares insatisfeitos nos prédios
Mais indigesto que prisão é barraco na vizinhança
Dobra o seguro do Jaguar, infla o aparato de segurança
O nobre aceita epidemia de gripe suína
Mas não a cla**e E ocupando sua Quinta Avenida
Pra a**ociação de morador melhor que abaixo-a**inado
É prefeito de cúmplice em plano incendiário
Preferem destruir terminações nervosas sensitivas
Do que cobrar investimento em moradia
Com a verba de 50 mil pra vaga em presídio
Eu teria uma casa popular no mínimo
Os que se chocam com o major aposentado metralhado
Aprovam a modalidade brasilis de holocausto
1A pena pra líquido inflamável em compensado e pele
É cruzeiro com rei, aposta em Punta Del Leste
Pior do que o previsto, meu CEP caiu no bingo
Onde reprovado da Caixa torram em mil graus centigrados
[Refrão (x2)]
São Paulo em chamas, São Paulo em chamas
Respire fundo o ar impuro com cinzas de carne humana
São Paulo em chamas, São Paulo em chamas
Onde o forno da cobiça crema uma favela por semana
[Verso 2]
No pa**ado o fogo protegia do inverno gelado
No presente levanta shopping em espaço cobiçado
O mercado imobiliário faz Nero sair do armário
Pra congestionar de maca setores de queimados
Soube do incêndio criminoso instalando Net
Na hora lembrei dos pivete trancados por falta de creche
Quis catar a diretora da habitação e degolar
A que falou que SP é pra quem pode pagar
Se pá no bombeiro já ordenou o comandante
Espera virar fornalha pra sair com o carro tanque
O Senhor Barack Obama devia autorizar
Uma lança de Netuno contra terrorista da cla**e A
Ia ser louco os Black Hawk no jardim América
Depois jogando no rio os rivais das favelas
Chego e vejo o apontado pelos Lombroso como ladrão
No mutirão que pa**a balde de mão em mão
A mensagem na fumaça é que a ONG da playboyzada
Vai lucrar casa automatizada que ascende luz com palmas
São mais falsos que os votos de bom Ano Novo
Vendidos pelos sórdidos sorrisos da Band e Globo
Que escondem um Luciano Huck fã do Capitão Nascimento
Um Bóris que odeia gari varrendo chão de cimento
Os presidentes vão brincar de Minha Casa, Minha Vida
Até um ser pendurado sem a língua e mandíbula
[Refrão (x2)]
São Paulo em chamas, São Paulo em chamas
Respire fundo o ar impuro com cinzas de carne humana
São Paulo em chamas, São Paulo em chamas
Onde o forno da cobiça crema uma favela por semana
[Verso 3]
O país enlutado por Santa Maria no noticiário
Não se comove com as chamas no a**entamento precário
Meu alívio é saber que a labareda que dobra finanças
Gera Richthofens se esfaqueando por herança
O calcinador de barraco é a evolução nua e crua
Do estudante da facul que queima morador de rua
Pro novo camélia branca é pouco a Adelaide do Zorra Total
Ele tem que a**ar as vítimas do linchamento moral
Progresso não é plagiar costume vietnamita
Ser obrigado apelar pra carne de cachorro frita
Não é vender seus filhos numa estrada
Nem recolher sobras de suas carcaças carbonizadas
Como esperado, a imprensa faz a cobertura amarronzada
Fatalidade é a linha adotada
Deviam denunciar que é a corja dos endinheirados
Que incinera quatro favelas por mês em São Paulo
Que a elite tem o pior tribunal clandestino
Que condena ao forno crianças, negros e nordestinos
Já tinha perdido a voz de chamar por seus nomes
Quando mano consternado diz: “seja forte homem"
"No rescaldo seus meninos foram encontrados
Morreram em baixo da cama asfixiados e abraçados"
Nem me recordo da cerimônia de despedida
Só de acordar amarrado nessa ala de psiquiatria