[Verso 1: Eduardo]
Estamos de luto aos manos que se foram
E aos que ficaram meu pêsames, aguardem sua vez
Não tem apelo pro inferno, nem oração lá pra cima
Todo mundo já era, é uma contagem regressiva
Cada mano numa alça, vela acesa, mesma cena
Um caixão que mal identifico
Será que valeu a pena? O sangue no peito, o B.O. no carro forte, o plaquê de Dólar
Um caixão velado por ninguém, a lágrima da coroa que de canto chora
Ontem um moleque que sonhava com vídeo game no Natal
Hoje um cadáver em pedaços, desfigurado, irreconhecível, embaixo do jornal
Sem marcha fúnebre, cortejo, só o toque da sirene
Apenas mais um defunto, mais uma cruz no cemitério, outra medalha pra civil, outra medalha pra PM
(Roubo à banco, Denarc, ROTA, Tático Sul...)
E nesse embalo quantos manos meus, eu já contei
Com certeza o velório de quase todos eu presenciei
Sempre no mesmo estilo, caixão caindo ao pedaços, botaram quase a bunda no crack
E como lixo foram enterrados
Cadê a auto-estima? Aqui ninguém se liga
Que ser esperto não é ser ladrão, é não morrer no oitão, na 12 da policia
Ainda me lembro do Glicério, Cambuci da antiga
Pivetada no caminho estudando seriam alguém na vida
Não progrediram honestamente, mas no crime a história se inverte
De 155, 16, hoje a banca toda
É 121, 12, 157, a**alto a banco, homicídio, tráfico, coisas desse tipo
Só que existe um detalhe, a cada fita ninguém volta rico... Muito menos vivo
Se alguém toma**e como exemplo, cadáver ensanguentado
Não haveria tanto embalo, rezando pra ser finado
Não haveria o IML lotado, com os nossos manos
Não haveria a nossa juventude imbecilmente se acabando
Não quero ver mais mano meu sendo apenas defunto
E aos manos que se foram, nós estamos de luto
[Refrão: Dum-Dum]
No seu enterro não vai ter ninguém de luto
É só mais um outro caixão, só mais um defunto
O cadáver como um lixo no necrotério
Sem flores, nem lágrimas no cemitério...
Estamos de luto
[Verso 2: Dum-Dum]
Estamos apresentando a imbecilidade
A lei do mais forte, aqui a tal malandragem
Não tem espaço pra otário, aqui quem se dá bem
É quem atira primeiro, argumentos pouco interessam
O negócio é dinheiro, é c**aína, é malandragem, pilantra na mira
Esquemas de a**altos, aliados falsos, várias vadias
O vínculo com a morte, a porta do inferno
Ninguém pega boi, não tem otário, nem esperto
Quem está com o revólver tem a razão
A lei foi feita a**im, aqui por nóis, a lei de ladrão
Não tem negócio de irmão que branco e preto que nada
Deveu dinheiro? Deu bonde em farinha? Se liga na rajada!
[Diálogo]
-E ai pilantra e o dinheiro?
-Que dinheiro mano?
-Dinheiro da droga ô cuzão!
-Te devo nada mano!
-Cê não deve nada ô filho da puta, então vai... (tiros)
Assim se movimenta a parte pobre, o submundo
Honestidade sem chance, aqui ninguém tem futuro
Um corredor da morte, onde a cadeira elétrica são os próprios manos na crocodilagem
Não tem pessoa certa, não existe aliado, nem mano de parada, se a casa cai num DP
Foi ele aí eu não sei de nada, quantas vezes vi os próprios manos se caguetando
Tornando-se inimigos, na sequencia se matando
Aquele aliado que roubava do meu lado
Deu brecha, me caguetou, vai virar finado
A regra é a**im, simples e eficaz
Se pilantrou, já deu motivo, então descanse em paz
Não compre sua pa**agem para o inferno
Seja mais que malandro, dez vezes mais que esperto
Não seja apenas só mais um defunto
É que pra morte da gente dificilmente mano, alguém fica de luto
[Refrão: Dum-Dum]
[Verso 3: Eduardo]
Ouço tiros daqui, mais um mano se foi
A casa caiu, caguetagem, não teve boi
Mais um outro aliado na delegacia
Se abriu igual uma piranha, e aí só alegria
É a tal lei de ladrão, capitulo proteção
Se eu tô bem, tô vivo, descanse em paz, um mano no caixão
É o lado irônico do crime sem a menor graça
Seu aliado de quadrilha é o mesmo que te enterra, é a mão que segura sua alça
Sem aplausos, salva de tiros
É só mais um episódio do suicídio coletivo
É só mais um finado, mais um defunto
Mais um enterro, ninguém de preto, ninguém de luto
É triste sim, mas na verdade o que mais me deixa atacado
É saber que não importa o quanto haja finados, manos enterrados, nosso veneno é ignorado
Aqui não tem enterro, não tem crack policia
PT engatilhada, aqui não existe inferno é tudo paz, só alegria
Quebrada da playboyzada? Que nada!
Eu tô falando da Muniz de Souza do Glicério
Do Ipiranga, Cambuci, se liga é cemitério
Não precisa de favela, barraco pra ser quebrada de ladrão
Periferia, interior, centro, vacilou, bum! É caixão
São Paulo de ponta a ponta é um defunto esperando o seu enterro
Em nome do pai Zona Norte, em nome do filho Zona Sul, do espirito santo Leste, Zona Oeste, amém, meus sentimentos
Nossa quebrada segue a regra, o lúcifer decide o nosso fim
Aqui é ROTA, enterro, influência ruim
Muniz de Souza de luto PT e 38, salve o mano Nei
E o Nicolau a**a**inado, ali no posto
Salve o mano DG (Meu velho mano DG)
Bons tempos Maranjaí, a quebrada em peso até hoje, lamenta o seu fim
Salve o mano Tony, morto numa parada
Salve todos manos a**a**inados, de todas quebradas
Facção Central, e aos que foram nós sentimos muito
Mano Eduardo, Erick 12, Dum-Dum, nós estamos de luto
[Refrão 2x: Dum-Dum]