[Verso 1: Edi Rock]
Às vezes eu paro e reparo, fico a pensar
Qual seria meu destino senão cantar
Um rejeitado, perdido no mundo, é um bom exemplo
Irei fundo no a**unto, fique atento
A sarjeta é um lar não muito confortável
O cheiro é ruim, insuportável
O viaduto é o reduto nas noites de frio
Onde muitos dormem, e outros morrem, ouviu?
(São chamados) de indigentes pela sociedade
A maioria negros, já não é segredo, nem novidade
Vivem como ratos jogados
Homens, mulheres, crianças
Vítimas de uma ingrata herança
A esperança é a primeira que morre
E sobrevive a cada dia a certeza da eterna miséria
O que se espera de um país decadente
Onde o sistema é duro, cruel, intransigente?
[Refrão](4X)
Beco sem saída
[Verso 2: Edi Rock]
Mas muitos não progridem porque na verdade a**im querem
Ficam inertes, não se movem, não se mexem
Sabe por que se sujeitaram a essa situação?
Não pergunte pra mim, tire você a conclusão
Talvez a base disso tudo esteja em vocês mesmos
E a consequência é o descrédito de nós negros
Por culpa de você, que não se valoriza
Eu digo a verdade, você me ironiza
A conclusão da sociedade é a mesma
Que com frieza não an*lisa, generaliza
E só critica, o quadro não se altera e você
Ainda espera que o dia de amanhã será bem melhor
Você é manipulado, se finge de cego
Agir desse modo, acha que é o mais certo
Fica perdida a pergunta: de quem é a culpa?
Do poder, da mídia, minha ou sua?
As ruas refletem a face oculta
De um poema falso que sobrevive às nossas custas
A burguesia, conhecida como cla**e nobre
Tem nojo e odeia a todos nós negros pobres
Por outro lado, adoram nossa pobreza
Pois é dela que é feita sua maldita riqueza
[Refrão](2X)
[Interlúdio]
Edi Rock: É, meu mano KL Jay. O poder mente, ilude, e domina
A maioria da população, carente da educação e cultura e é dessa forma que eles querem que se proceda. Não é verdade?
KL Jay: É, pode crê!
[Verso 3: Edi Rock, KL Jay]
Nascem, crescem, morrem, pa**am desapercebidos
(E a saída é esta vida bandida que levam roubando
Matando, morrendo, entre si se acabando)
Ei mano, dê-nos ouvidos!
Os poderosos ignoram os direitos iguais
Desprezam e dizem que vivam como mendigos a mais
Não sou um mártir que um dia irá te salvar
No momento certo, você pode se condenar
Não jogamos a culpa em quem não tem culpa
Só falamos a verdade e a nossa parte você sabe de cor
Atravesse essa muralha imaginária
Em sua cabeça, sem ter medo de falhas
Se conseguiram derrubar uma muralha real de pedra
Você pode conseguir derrubar esta
Leia, ouça, escute, ache certo ou errado
Mas meu amigo, não fique parado
Se não isso tudo vai ser apenas um grito solitário
Em um porão fechado, tome cuidado
Não esqueça o grande ditado: cada um por si!
Siga concordando com tudo que eu digo, normal
Pois pra você parece mais um artigo, jornal
Esse é o meu ponto de vista, não sou um moralista
Deixe de ser egoísta, meu camarada, persista
É só uma questão: será que você é capaz de lutar?
É difícil, mas não custa nada tentar
[Outro: Edi Rock]
Ei cara, o sentido disto tudo está em você mesmo
Pare, pense, e acorde, antes que seja tarde demais
O dia de amanhã te espera, morô?
Edi Rock, KL Jay, Racionais!
[Refrão]
Beco sem saída! (Pode crê, né não?)
Beco sem saída! (Aí mano)
Beco sem saída! (Certo !)
Beco...beco...beco sem saída, beco sem saída, beco sem saída!